1 Fev, 2017

Utentes protestam contra falta de médicos em Algueirão-Mem Martins

A Comissão de Utentes da Saúde do Concelho de Sintra (CUSCS) organizou, hoje de manhã, mais uma vigília em protesto pela falta de médicos de família no centro de saúde de Algueirão-Mem Martins

A Comissão de Utentes da Saúde do Concelho de Sintra (CUSCS) organizou, hoje de manhã, mais uma vigília em protesto pela falta de médicos de família no centro de saúde de Algueirão-Mem Martins.

“O centro de saúde de Algueirão-Mem Martins continua a ser aquele no concelho de Sintra em que as pessoas se queixam de ter menos médicos de família”, afirmou à Lusa Paula Borges, da CUSCS.

A vigília, que decorreu a partir das 07:30, pretendeu denunciar o “agravamento continuado e deliberado das condições de acesso ao Serviço Nacional de Saúde”, com “cerca de 200 pessoas” à espera em duas filas para marcar consulta, salientou a porta-voz da comissão.

“Até abrirem as portas [às 08:00], as pessoas estão debaixo das arcadas dos prédios ao frio e à chuva”, notou Paula Borges.

Segundo a representante, a unidade de saúde, que funciona num prédio de habitação, em Mem Martins, e dos 12 médicos atualmente ao serviço, quatro médicos não estão a dar consultas por estes dias.

“A somar aos 11 médicos que, pelas nossas contas estão em falta, percebe-se o número de utentes que ficam nesta freguesia sem acesso a cuidados de saúde primários”, apontou.

A assessoria de comunicação da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo disse hoje à Lusa que na unidade de Algueirão-Mem Martins, “atendendo ao número de utentes frequentadores sem médico de família, serão necessários mais oito médicos”.

Esta unidade de saúde “tem 52.869 utentes inscritos [e], destes, 39.233 são utentes frequentadores”, acrescentou a ARS.

Num inquérito aos utentes que se encontravam à espera junto da unidade de saúde, alguns referiram que há quem chegue “às quatro da manhã” para assegurar consulta e “cerca de 90% não tem médico de família”, referiu a porta-voz da CUSCS.

“As pessoas consideram em larguíssima maioria que é muito importante a construção de um hospital público em Sintra”, frisou Paula Borges.

A Câmara de Sintra contratualizou com a ARS a construção de cinco centros de saúde, incluindo para Algueirão-Mem Martins, e está a negociar um novo polo hospitalar na zona da Cavaleira (Algueirão).

“A situação não se resolve com um polo hospitalar, ou qualquer outra designação que lhe queiram dar, o que Sintra precisa é de um hospital público desenhado e planeado à escala das necessidades de saúde do concelho”, afirmou Paula Borges.

O Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) foi dimensionado para 300 mil utentes e atualmente abrange uma população estimada de cerca de 600 mil habitantes.

De acordo com a ARS, atualmente no concelho de Sintra “existem 354.910 utentes inscritos frequentadores – destes, 278.416 têm médico de família atribuído” – e o agrupamento de centros de saúde (ACES) de Sintra “precisa de mais 39 médicos”.

“Atualmente o número de utentes sem médico de família atribuído é de 74.990. No início de 2015 eram cerca de 115.000 utentes sem médico de família atribuído”, informou a ARS, acrescentando que, em dois anos, foram atribuídos médico de família “a mais de 40.000 utentes”.

A ARS revelou que, desde 2015, “foram admitidos mais 31 novos médicos de família para o concelho de Sintra” e que “o ACES de Sintra tem 50 médicos a fazer o internato de medicina geral e familiar que, na sua grande maioria, quando terminam a especialidade optam por ficar devido ao apoio que é dado à criação de USF [Unidades de Saúde Familiar]”.

O projeto de arquitetura para o centro de saúde de Algueirão-Mem Martins foi elaborado pela Câmara de Sintra e o procedimento para a construção “vai ser lançado muito em breve”, adiantou a ARS, concluindo que “o processo está a decorrer dentro dos prazos previstos”.

LUSA/SO

Imagem RTP

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