11 Jan, 2017

Unidades de Saúde Familiar de modelo mais eficiente crescem, mas faltam auditorias

Vinte e cinco Unidades de Saúde Familiar transitaram, em 2016, do modelo A para o B, que paga melhor aos profissionais em troca de maior assistência. Profissioanis queixam-se de falta de fiscalização

Vinte e cinco Unidades de Saúde Familiar transitaram, em 2016, do modelo A para o B, que paga melhor aos profissionais em troca de maior assistência, mas os representantes destas organizações lamentam que sejam tão pouco auditadas.

De acordo com o Ministério da Saúde, 25 USF iniciaram em 2016 a sua atividade como modelo B, o qual permite que os profissionais de saúde ganhem mais se cumprirem determinados pressupostos, os quais resultam numa maior acessibilidade dos utentes aos serviços.

Este número de transições foi o maior dos últimos anos: 19 em 2013, 12 em 2014 e 15 em 2015.

Para 2016 foram abertas 25 vagas para USF de modelo B. Contudo, as candidaturas na região Norte foram muito superiores às vagas.

Segundo o presidente da Associação Nacional das USF (USF-AN), João Rodrigues, algumas das vagas do Centro e de Lisboa foram preenchidas com as do Norte, onde existem mais USF e foi maior o número de candidaturas.

A USF-AN é contra a existência de vagas e considera que só deveriam existir USF do modelo B.

“Não queremos quotas. Queremos metas. Essa é uma grande contradição que se mantém: Se as USF de modelo B são mais eficientes, e os números provam isso mesmo, em termos de acessibilidade e acompanhamento, então elas deveriam passar todas para o modelo B”, adiantou.

“Esperemos que, num futuro curto, seja possível ter só USF modelo B. Este é o grande sonho”, prosseguiu.

João Rodrigues sublinha as diferenças entre os dois modelos, lembrando que “os profissionais só ganham mais se cumprirem”.

“O modelo B é o mais exigente em termos organizativos. Ganham mais se fizerem mais em quantidade e qualidade. Não ganham mais só por ser modelo B”, ressalvou.

Estas equipas (USF de modelo B) têm de “vigiar mais grávidas, fazer mais domicílios médicos e de enfermagens, vigiar melhor os diabéticos, os hipertensos, as crianças no primeiro e segundo ano de vida”.

A remuneração mais elevada funciona, pois, como “um estímulo acrescido, porque os profissionais de saúde tentam fazer sempre o melhor”.

No entanto, João Rodrigues sublinhou a necessidade de existirem mais auditorias, de modo a que o trabalho acrescido das seja constatado e divulgado, inclusive para consulta exterior.

“As USF de modelo B são pouco auditadas, deviam ser mais”, afirmou João Rodrigues, que considera este um problema comum ao país: a supervisão.

Segundo o presidente da USF-AN, são os próprios profissionais das USF que gostariam de ser mais auditados.

Estas USF são auditadas uma vez por ano por equipas regionais de acompanhamento, que pertencem às Administrações Regionais de Saúde (ARS).

No Norte, essa responsabilidade foi transferida para os conselhos clínicos dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), por falta de pessoal.

João Rodrigues revelou que sugeriu ao Governo o desenvolvimento de uma ferramenta que permitirá publicar os relatórios de acompanhamento, bem como o reforço das equipas regionais para a realização das auditorias.

De acordo com o Ministério da Saúde, o processo de transição destas 25 USF modelo B permite “um ganho de cobertura de mais 10.369 cidadãos, com atribuição de uma equipa de saúde familiar e efetivos ganhos assistenciais”.

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