SPMS – um caso de dissociação cognitiva
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SPMS – um caso de dissociação cognitiva

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Visão sem ação é sonho, ação sem visão é pesadelo
Provérbio japonês

Li, com curiosidade, a entrevista do Prof. Henrique Martins publicada dia 15 deste mês. Li “e ri como quem tem penado muito” (para parafrasear Alberto Caeiro). E tem penado às mãos do inefável equipamento com que o nosso querido líder informático faz o obséquio de nos torturar. Se alguma dúvida existia quanto à capacidade da IA se complementar com emoções artificiais, o SI do SNS tem demonstrado possuir uma paleta suficientemente diversa de estados de espírito que contribuem para entreter, isto é, esfrangalhar o tino dos profissionais no terreno. Umas vezes amua o nosso SI e a lentiiiidãããooo instala-se. Outras vezes, dá-lhe para a brincadeira e presenteia-nos com animados bugs, a que, por óbvia falta de sentido de humor, não achamos grande piada. (Azar nosso, que levamos com eles quer gostemos quer não). O pior é quando se deixa tomar pela ira e então para. Pura e simplesmente finca pé e, nem à mão de Deus Padre, se move. Trabalhar com os SI do SNS nunca é monótono. As surpresas informáticas, contrariamente aos cogumelos que escasseiam devido à seca, proliferam e há sempre animação.

Desde há anos que os servidores do meu centro de saúde têm vindo a ser acometidos por uma sucessão de estertores, próprios do estado de caquexia a que os deixaram chegar. Alvos de vários remedeios, lá foram andando (e chateando) até que há algumas semanas o mais idoso se finou. Irremediavelmente, sem sombra para dúvida. Nem umas ventoinhas de arrefecimento, novinhas em folha, tiveram o condão de o ressuscitar. Perante o facto consumado lá nos mandaram outro servidor. Dirá o leitor: “acabou-se-lhes o tormento”. “Não” respondo eu. Desde então tem sido uma cascata de desventuras. Incompatibilidades várias, deficiências múltiplas e obsolescências diversas tornaram-se no nosso calvário. Pormenores técnicos à parte, como utilizador  posso dizer, é que aquela cegada, com ou sem servidor novo (será mesmo novo?), não funciona. Claudica repetidamente. E não é por falta de empenho dos informáticos locais e da ARS que têm estado num virote, in loco e à distância, a ver se tapam os buracos do sistema. Em vão. Foram duas semanas lúgubres com dezenas de consultas desmarcadas, algumas “à boca de cena”, com os profissionais à beira dum ataque de nervos, montes de recadinhos em papel encavalitados nas secretárias à espera de melhores tempos e da clemência do sistema.

O mais grave é que não somos caso único.

Depois de mais uma tarde sinistra, mão amiga faz-me chegar a dita entrevista do grande timoneiro dos SI do SNS da Lusitânia. Li, pasmei e questionei-me: qual de nós não vive em Portugal? Perante a delirante prosa do Prof. Henrique Martins, decidi beliscar-me para ter e a certeza que estava acordado. Não, de facto não estava a dormir e nem sequer tinha despertado de algum sonho com coelhos apressados, nem tomara chá para comemorar dias de “desaniversário” no mês de março, nem tivera mantido diálogos existencialistas com lagartas falantes ou encontros com gatarrões enigmáticos lá para as bandas de Chechire. Enfim, nenhum sequaz da Rainha de Copas ameaçara o meu pescoço. Portanto, eu havia estado a trabalhar no mundo real, digladiando-me com o surreal SI do SNS. Depois reli a prosa do nosso guru da informática e conclui que ele se referia a uma “realidade alternativa”, situada para lá das nuvens, onde percorre uma estrada dourada de braço dado com um autómato/servidor de lata ferrugenta, mais um leão desdentado e espantalhos irrelevantes, em direção aos amanhãs que cantam.

Mas será que a visão do Professor Henrique Martins lunática? Não. Os objetivos que persegue são, em si, ilegítimos? Nem por sombras. A informatização global é indesejável? De modo nenhum. Então qual é o pecado do Grande Lider?

O desvario de Henrique Martins está na descomunal dissociação entre a desolada realidade no terreno, expressa pela péssima qualidade do hardware, e os ambiciosos objetivos traçados. A política de inovação e informatização global é inatingível enquanto os meios no terreno forem os atuais. Deploravelmente, Henrique Martins recusa-se a aceitar a realidade, entrou para o clube dos negacionistas. Além disso especializou-se em markting e vende o “seu peixe” com mestria assinalável. Mas, quando confrontado o “peixe” com a miséria da estreiteza de banda e dos decrépitos servidores, o verdadeiro papel do dirigente dos SPMS revela-se: um stand up crivado de piadas de mau gosto. Empenhado numa fuga para a frente, em vez de dar resposta às falhas do sistema, vai lançado mais aplicações e programas que sobrecarregam ainda mais o esfalfado hardware à mistura com hábil campanha de promoção.

E que dizer dos Nicolaus? Isto é, dos ministros dos sucessivos governos (desculpem lá o lugar comum, mas às vezes vem mesmo a propósito), que ofuscados por este Rasputine do século XXI, continuam a fazer orelhas moucas aos repetidos avisos à navegação e dar cobertura às lunáticas inovações do SPMS? Merecem só por si uma crónica.

 

Nota: entre os médicos de família surgiu alguma controvérsia sobre a legitimidade do uso de formas menos respeitosas (como serão as do presente texto) nas criticas ao SPMS e concretamente ao seu dirigente máximo. Todavia, o desrespeito pelos profissionais e pelos utentes que tem sido timbre do SPMS, deu o pontapé de saída num escalar do confronto. Fosse o Professor Henrique Martins mais aberto às múltiplas chamadas de atenção que repetidamente lhe têm sido feitas em vez de enveredar por ignorá-las e insinuar que os críticos estão eivados de reacionarismo informático evitaríamos um azedar da controvérsia.  

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