Semana Digestiva 2017: Joana Torres vence Prémio Nacional de Gastroenterologia 2016

Joana Torres, médica gastroenterologista do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, no passado dia 8 de junho, foi a vencedora do Prémio Nacional de Gastroenterologia 2016

O prémio foi atribuído durante a Sessão de Abertura da Semana Digestiva 2017 (SD 2017), pelo trabalho “Expressão do recetor Farnesóide X na colite microscópica: um possível papel na fisiopatologia da doença”.

O trabalho teve como foco a colite microscópica (CM), um tipo de doença inflamatória do intestino idiopática, que cursa com diarreia não sanguinolenta, afetando especialmente doentes idosos.

A CM pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes, devido ao aumento do número de dejeções, presença de urgência, incontinência, diarreia noturna e, por vezes, perda ponderal.

Vários estudos mostraram que a maioria dos doentes responde à terapêutica com corticóides, mas estima-se que cerca de 13% dos doentes apresentem um curso recidivante com necessidade de terapêutica imunossupressora e, raramente, cirurgia.

Previamente considerado um diagnóstico raro, a CM é atualmente considerada a causa de diarreia crónica em 4-13% dos casos. Os estudos epidemiológicos referem um aumento da incidência da CM, atingindo, nalguns países, frequências comparáveis com as formas mais comuns de doença inflamatória intestinal, como a doença de Crohn e colite ulcerosa.

Sendo uma doença sobre a qual se tem acumulado conhecimento de forma relativamente recente, a investigação sobre CM tem-se focado principalmente sobre a incidência, as características clínicas e história natural da doença, através de estudos epidemiológicos.

No entanto, ainda há muitas questões por responder sobre a sua etiologia e patogenia, e até agora a causa desta doença intrigante permanece desconhecida, sendo provavelmente multifatorial. Neste trabalho procurou-se estudar o papel dos sais biliares na fisiopatologia da doença, nomeadamente, o papel do principal recetor de sais biliares (Recetor Farnesóide X) na doença. Observou-se que os doentes com CM apresentam uma expressão bastante diminuída deste recetor em relação a doentes controlo, o que abre a possibilidade de explorar fármacos agonistas deste recetor no tratamento de doentes mais refratários.

Este é o prémio mais importante desta especialidade em Portugal, tem como objetivo distinguir trabalhos científicos inéditos, de excelência no âmbito da gastroenterologia, tendo em vista a prossecução dos objetivos científicos da Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia. O valor do Prémio Nacional de Gastroenterologia para o ano de 2016 foi de 30 mil euros.

SD 2017/SO/CS

 

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