O Impacto das Emoções de um Médico e as Suas Decisões Clínicas
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O Impacto das Emoções de um Médico e as Suas Decisões Clínicas

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Grupo Lusíadas Saúde
Director Geral da InfoCiência

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A Inevitável Dicotomia Entre o Ser Humano e o Profissional…

Eis algo realmente interessante e que todos nós, profissionais da saúde e pacientes, imaginamos ser impossível dissociar: as emoções e experiências pessoais de um médico e o modo como define os seus algoritmos de diagnóstico e tratamento.

Não sendo o médico uma máquina, parece evidente que essas emoções e essas experiências possam “contaminar” a prática médica, orientando-a, redefinindo-a e moldando-a.

Um médico, ao longo da sua vida, com base na experiência acumulada, nos erros e nos sucessos, com base na evolução científica e tecnológica, vai revendo a sua prática clínica e, por isso, é de esperar que os eventos da sua própria vida se reflictam também na sua actividade profissional.

Este texto surge após a leitura de um trabalho recente publicado no jornal JAMA* sobre o impacto da existência de uma ligação pessoal com alguém portador de cancro da mama e a probabilidade de recomendação de um rastreio de rotina a esse tipo de cancro.

De acordo com esse trabalho, os médicos que conhecem alguém próximo com cancro da mama recomendam mais frequentemente esse tipo de  rastreio.

Este estudo incidiu sobre 848 médicos nos Estados Unidos da América (internistas, generalistas e ginecologistas). A recomendação para rastreio do cancro da mama foi realmente mais comum em médicos próximos de alguém (paciente, familiar ou amigo) com formas avançadas de cancro e que não tinham realizado rastreio. E essa recomendação abrangeu mulheres de diferentes escalões etários.

Vale a pena referir que essa recomendação era feita mesmo quando entrava em conflito com as orientações internacionalmente definidas para o papel do rastreio nesses grupo etários.

De acordo com a Sociedade Americana do Cancro, a recomendação para o rastreio do cancro da mama deve ser personalizada para mulheres entre os 40 e os 44 anos, deverá ser anual para mulheres com 45 ou mais anos de idade e bianual para mulheres com 55 ou mais anos. De acordo com a U.S. Preventive Services Task Force, a recomendação deve ser personalizada entre os 40 e os 49 anos e deve ser realizada uma mamografia bianual para mulheres entre os 50 e os 74 anos.

Os resultados deste trabalho mostram que, em comparação com outros médicos, aqueles que conheciam pelo menos uma mulher que não tinha realizado rastreio e que desenvolveu uma forma avançada de cancro da mama apresentaram maior probabilidade de recomendar uma mamografia a mulheres entre os 40 e os 44 anos (93% versus 86%) e a mulheres com idade superior a 75 anos (84% versus 69%).

Para os autores deste estudo, estes dados não parecem ser positivos e traduzem uma prática médica suportada em dados esporádicos e pessoais em vez de se apoiarem na Medicina Baseada na Evidência e nas Orientações definidas para esta matéria. De facto, essas recomendações caminham no sentido de uma redução no número de rastreios, definindo o critério a adoptar em diferentes grupos etários.

Acrescentam os autores do estudo que, à luz destes resultados, é importante ajudar os médicos a compreenderem melhor o impacto das suas experiências pessoais na sua prática clínica e criar oportunidades e estratégias de comunicação que permitam aos médicos reconhecer quando uma experiência está a modelar o seu raciocínio clínico de modo a que se consiga manter uma adequada aderência às orientações definidas.

Que pensar de tudo isto?…

Deve o médico orientar a sua profissão apenas com base na informação científica validada ou deve incorporar as suas vivências pessoais e profissionais, de modo a exercer uma Medicina mais humanizada e, por isso, mais emocional?

Existe o risco de serem tomadas decisões erradas, nos planos diagnóstico e terapêutico, quando o médico segue o seu instinto ou permite que o seu “capital” de emoções e experiências interfira no seu trabalho?

As respostas a estas questões poderão ser óbvias mas, provavelmente, não o são.  

Poderemos sempre colocar a questão se essa influência é nefasta ou saudável. Podemos até reflectir se o médico se pode deixar influenciar pelas suas próprias vivências ou se deveria ser “impenetrável às emoções” e seguir estritamente os protocolos estipulados.

Estes pensamentos reportam-nos para o papel da Inteligência Artificial na Medicina. Um possível argumento a favor da Inteligência Artificial na Prática Médica seria exactamente garantir uma prática racional e fria, sem a interferência de valores morais, religiosos, emocionais ou outros.

Pessoalmente, esse é o melhor argumento contra uma Medicina exercida pela Inteligência Artificial. A Medicina, os médicos, os profissionais de saúde serão tanto mais eficazes e mais capazes de ajudar um ser humano doente quanto mais o encararem como um seu semelhante e quanto mais nele reconhecerem alguém que sofre, ri e chora como os próprios profissionais.

É, evidentemente, necessário um equilíbrio. Daí, por exemplo, não dever um médico tratar ou operar alguém que lhe seja muito próximo, para que as emoções não possam afectar o sucesso desejado. Como sempre, o bom senso deve imperar e competirá a cada profissional a capacidade de reconhecer se as emoções face a cada doença ou a cada paciente não podem dificultar uma abordagem correcta.

Mas tratar um doente nunca poderá ser um exercício matemático ou estatístico. A emoção, a compaixão, o peso das experiências vividas fazem parte desse tratamento, para o bem e para o mal, desde que bem temperadas e bem ponderadas.

Estou certo de que, quase sempre, o saldo desta Medicina suportada na Evidência mas complementada pelas emoções é positivo.



*
Association Between Physicians’ Experiences With Members of Their Social Network and Efforts to Reduce Breast Cancer Screening, Craig Evan Pollack e col., JAMA Intern Med. 2018;178(1):148-151.

Texto publicado na grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990, por decisão do autor

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