19 Out, 2017

Procedimento inovador na Cirurgia do Glaucoma no Centro Hospitalar Lisboa Norte

É um procedimento inovador, utilizado em casos de glaucoma grave e refratário, e com resultados positivos no controlo da pressão intra ocular, que é o principal fator de risco para quem sofre desta patologia.

Nos últimos quatro meses foram intervencionados, no CHLN, 12 doentes com recurso a esta técnica e os resultados demonstraram-se francamente promissores.

Na prática, esta técnica inovadora é composta pela junção de dois implantes de drenagem não valvulados (um tubo Baerveldt e um dispositivo XEN), de modo a potenciar as vantagens de ambos e a reduzir potenciais complicações associadas à cirurgia do Glaucoma.

“Nesta nova técnica tentámos otimizar, aproveitando as vantagens subjacentes aos dois dispositivos. O recurso a esta técnica implica a introdução de um material diferente, mais biocompatível, e também prevê uma recuperação mais rápida, com a grande vantagem de poder efetuar, mais rapidamente, um controle da tensão, que é o que nós queremos no glaucoma. Ao mesmo tempo, há também a vantagem de diminuir, os efeitos adversos normalmente associados a este tipo de cirurgia. Trata-se de uma adaptação e fusão de duas técnicas diferenciadas”, explica o Prof. Doutor Luís Abegão Pinto, oftalmologista responsável pela aplicação deste procedimento inovador.

Uma das grandes vantagens apresentadas por este procedimento tem a ver com os efeitos a médio-longo prazo, clarifica o Prof. Doutor Luís Abegão Pinto. “Um dos grandes problemas das cirurgias do Glaucoma prende-se com a segurança a longo prazo. Nas cirurgias habituais, colocamos dispositivos de silicone que podem vir a provocar danos nas estruturas oculares. Isto é uma preocupação quando se intervenciona um doente jovem, com 20/30 anos, com uma expectativa de vida de mais 50 anos. Nesta técnica, o dispositivo que fica dentro do olho é de colagénio. Daqui resulta um pós-operatório mais breve e de mais fácil recuperação. As cirurgias clássicas implicam necessariamente uma segunda ida ao bloco para ajuste de dispositivo, algo que com esta técnica não se justifica. Evita-se assim essa segunda intervenção cirúrgica, o que diminuiu bastante os riscos pós-operatórios. Esta é uma solução para doentes mais novos e também para os doentes, nos quais a cirurgia standard não apresentou os resultados esperados, e que necessitam de uma estratégia diferenciada”.

“Representa uma grande satisfação para mim enquanto diretora e para a equipa de Oftalmologia do CHLN, o trabalho inovador e com bons resultados, desenvolvido nesta área do Glaucoma, pelo Prof. Doutor Luís Abegão Pinto. Esperamos que, futuramente, este procedimento aumente e evolua, pois no CHLN recebemos um número considerável de doentes jovens com glaucoma avançado, e muitos são “candidatos” a este tipo de intervenção. Podemos assim proporcionar-lhes uma resposta mais eficaz e adequada às suas necessidades”, adita a Prof.ª Dr.ª Fátima O. Campos, Diretora do Serviço de Oftalmologia do CHLN.

Esta técnica aplicada à Cirurgia do Glaucoma foi iniciada por um Centro Oftalmológico em Genebra, na Suíça, a que se seguiu outro, em Mainz, na Alemanha. O CHLN é o terceiro centro da Europa a introduzir esta técnica, apresentando já a segunda maior casuística, o que o posiciona como um centro de excelência nesta área, a nível europeu. Em Portugal é pioneiro nesta área, quer pelo recurso a este procedimento inovador, quer pela casuística já apresentada.

Comunicado/SO

 

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