7 Mar, 2017

Primeiro coração artificial implantado ontem em Portugal

O primeiro coração artificial em Portugal foi implantado ontem com sucesso a um doente de 64 anos que sofria de insuficiência cardíaca e não podia receber um coração transplantado devido aos danos que lhe provocaria a medicação nos rins

O doente, que se encontra inconsciente, foi operado no Hospital de Santa Marta pela equipa do cirurgião José Fragata, pioneiro em várias intervenções na área cardiotorácica em Portugal.

Em conferência de imprensa, José Fragata explicou que esta intervenção foi a resposta clínica possível para este doente que sofria de insuficiência cardíaca e não respondia à medicação.

Nestes casos, a solução passa por um coração transplantado, mas o facto de o doente sofrer de doença renal e por causa dos efeitos nos rins dos fármacos para a imunodepressão, esta hipótese foi posta de lado.

Este paciente juntou-se, assim, aos 1200 que receberam um coração artificial desta geração em todo o mundo e que chegam a viver 11 a 12 anos.

Trata-se de “uma bomba muito diferenciada, que funciona por levitação magnética, aspira o sangue da ponta esquerda do coração e injeta na aorta e que está ligada por uma ‘drive line’ que sai pela parede abdominal do doente e que se liga a um conjunto de baterias”, explicou José Fragata. O cirurgião compara o aparelho a um telemóvel que “tem carga de 17 horas e que à noite é preciso ligar a um carregador”.

José Fragata revelou que “o doente nem sequer dá pelo dispositivo, uma vez que ela esta alojada profundamente no tórax, dentro do saco pericárdico, faz corpo com o coração do doente aspira sangue do ventrículo e injeta na aorta”.

Não se trata de uma substituição, mas de uma assistência ao ventríloquo esquerdo. O coração do doente permanece no mesmo sítio, no entanto, apenas um lado funciona, pois o esquerdo praticamente só trabalha com o dispositivo, que pulsa 5000 vezes por minuto.

Os doentes podem ter uma vida normal, abstendo-se apenas dos desportos náuticos de contacto, sublinha o cirurgião.

A cirurgia durou três horas e foi assistida por profissionais curiosos que quiseram testemunhar a intervenção. Antes desta cirurgia, a equipa liderada por José Fragata assistiu a vários implantes no estrangeiro e preparou a técnica.

“Isto não é um passo de mágica nem uma atitude aventureira de um conjunto de pessoas que decidiram implantar um coração”, esclareceu o médico.

Segundo José Fragata, existe já um doente internado no Hospital de Santa Marta que aguarda por um cirurgia destas. Das 20 ou 30 pessoas que aguardam por um transplante de coração em Portugal, este coração artificial deverá ser uma resposta para “quatro, cinco ou seis”.

Cada dispositivo custou 100 mil euros, sendo obrigatória a aquisição de dois, num total de 200 mil euros. A este valor acrescem ainda os 7000 euros que, por norma, custam a produção por doente nesta unidade de saúde.

 

LUSA/SO

 

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