3 Out, 2017

Portugal é dos países que menos investe em medicamentos para o cancro

Dados do relatório publicado pelo Instituto sueco para a Economia da Saúde serviram de mote para consensualizar medidas para melhorar o tratamento oncológico em Portugal.

O “Relatório Comparativo sobre o Acesso dos Doentes a Medicamentos contra o Cancro na Europa” revela que o investimento per capita em medicamentos oncológicos em Portugal (76 euros) não chega a metade da média europeia (169 euros). São menos 93 euros, diferencial que coloca Portugal junto dos quatro piores classificados de um conjunto de 31 países analisados.

O relatório publicado pelo Instituto Sueco para a Economia da Saúde estabeleceu o ponto de partida do debate “O Futuro do Tratamento do Cancro em Portugal”. As conclusões foram apresentadas em Lisboa, no dia 27 de Setembro, por Nadim Habib, professor da Nova School of Business and Economics.

A iniciativa consensualizou cinco medidas de ação para melhorar o tratamento oncológico em Portugal, visando o acesso atempado dos doentes às melhores terapêuticas sem perder de vista a sustentabilidade do sistema.

A primeira recomendação aponta para o reforço das verbas alocadas à Saúde e para uma revisão do modelo de financiamento em Oncologia.

Segue-se a valorização dos recursos humanos, onde se incluem os profissionais de saúde, tendo em conta a importância fundamental da sua motivação para a prestação dos melhores cuidados de saúde.

A terceira proposta aponta a necessidade de implementar sistemas de monitorização de dados – como dados de gestão, de desempenho das instituições no tratamento do cancro e de utilização de medicamentos em contexto de vida real – para utilização pelos vários intervenientes, incluindo decisores e escrutínio público.

A contratação de profissionais especializados no registo e tratamento de dados, que assegurem a qualidade do processo, é a quarta proposta.

A quinta recomendação vai no sentido da introdução de critérios transparentes nos processos de avaliação e reavaliação das tecnologias de saúde e da redução dos atrasos do tempo de aprovação de inovação.

João Almeida Lopes, presidente da APIFARMA, defendeu que “este é um debate necessário e inadiável”, uma vez que “o conjunto dos dados sugere que existe imensa margem para melhorar as taxas de sobrevivência ao cancro em Portugal”.

A conferência contou ainda com palestras proferidas por Gabriela Sousa, Presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, e por Ivana Cattaneo, Vice-Presidente do European Onco Steering Committee da Federação Europeia da Indústria Farmacêutica (EFPIA).

De acordo com o relatório do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas 2017, apresentado recentemente, a incidência das doenças oncológicas está a registar um aumento de aproximadamente 3% ao ano, constituindo a segunda causa de morte após as doenças cérebro-cardiovasculares.

Sobre a Plataforma para Melhorar o Acesso a Novos Medicamentos Oncológicos na Europa

A “Plataforma para Melhorar o Acesso a Novos Medicamentos Oncológicos” integra-se num projeto europeu mais amplo e pretende criar um novo diálogo sobre o tratamento do cancro na Europa. O projecto é apoiada pela EFPIA e por 15 empresas suas associadas. Em Portugal, é organizada pela APIFARMA.

As conclusões da “Plataforma para Melhorar o Acesso a Novos Medicamentos Oncológicos”, que resultam de trabalhos prévios, foram apresentadas em Lisboa, no dia 27 de Setembro.

A primeira mesa-redonda, organizada em Março, permitiu identificar problemas no panorama actual no tratamento do Cancro em Portugal. A segunda iniciativa, realizada em Maio, desenvolveu recomendações de atuação para melhorar o acesso aos tratamentos em oncologia.

Ambas as mesas-redondas promoveram um debate profundo entre várias partes – representantes dos doentes, profissionais de saúde, sociedades científicas, economistas da saúde, decisores políticos, reguladores e indústria farmacêutica – com intervenção relevante no tratamento oncológico em Portugal.

Comunicado/SO

 

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