PCP de Lisboa quer reversão da venda de quatro hospitais na Colina de Santana

Os comunistas vão apresentar ao executivo camarário e à Assembleia Municipal uma moção para "exigir ao Governo a reversão" da venda de quatro hospitais na Colina de Santana

“Iremos, quer na Câmara Municipal, quer na Assembleia Municipal, apresentar uma moção exigindo ao Governo a reversão do negócio da venda dos quatro hospitais [daquela zona da cidade] à Estamo” (imobiliária de capitais exclusivamente públicos, detentora dos terrenos onde estão sediadas aquelas unidades de saúde), afirmou o vereador do Partido Comunista Português (PCP).

João Ferreira, que também é o candidato da CDU (Coligação Democrática Unitária que junta o PCP e o Partido Ecologista “Os Verdes) à Câmara da capital, intervinha no encerramento de um debate sobre a Colina de Santana, que decorreu na Casa do Alentejo, em Lisboa, no passado sábado.

Na opinião do vereador, a moção constitui uma oportunidade para a Câmara (de maioria socialista) “se demarcar de um negócio que lesa o interesse público e a cidade”.

Em 2014, a Câmara de Lisboa manifestou interesse em reabilitar a Colina de Santana, numa área que abrange cerca de 16 hectares e os espaços dos hospitais de São José, Capuchos, Santa Marta, Miguel Bombarda e Desterro – os dois últimos já desativados – e do convento de Santa Joana, porém nada avançou desde então.

No mesmo ano, o município elaborou um Programa de Ação Territorial para a zona, que pretendia “garantir que mais nenhum hospital da Colina de Santana fecha sem estar construído e a funcionar” o novo hospital de Lisboa Oriental, cujo projeto deverá ser lançado este ano.

Na sua intervenção, perante uma sala cheia de militantes da CDU, João Ferreira advogou que “os projetos imobiliários em carteira para a Colina de Santana põem em causa muito mais do que o desaparecimento de hospitais desta zona da cidade”.

“Estamos perante uma colossal negociata, estamos perante uma deliberada operação de entrega da Colina de Santana nas mãos dos especuladores imobiliários”, defendeu, apontando que não pode ser “ilibada responsabilidade à Câmara de Lisboa” neste caso.

“Perante esta ofensiva, dos responsáveis municipais seria de esperar que assumissem a primeira linha de defesa das populações e da cidade, e não foi isso que aconteceu nos últimos anos”, concretizou.

Estes projetos “põem em causa muito mais causa muito mais do que a conservação do património arquitetónico e histórico dos edifícios que albergam estes hospitais, e já não seria pouco, para além do direito à saúde, estes projetos põem fundamentalmente em causa o direito à cidade”, salientou num discurso sempre crítico.

Para o vereador, o encerramento destes hospitais “constituiria um injustificável e inaceitável ataque a Lisboa e aos lisboetas”.

Num tom irónico, João Ferreira afirmou que “hospitais centenários, prestigiados e de qualidade existem em várias capitais europeias e não são encerrados pelo simples facto de terem já muitos anos”.

Relativamente à nova unidade de saúde, João Ferreira apontou que “concretamente, é já uma certeza que o hospital de Lisboa Oriental, ainda por construir e sem garantias de que funcionará no quadro de uma gestão pública, não terá capacidade para absorver os serviços prestados pelos hospitais públicos da Colina de Santana”.

“Importa referir que até à data não existem estudos de impacto sobre a medida de desativação dos hospitais do centro hospitalar de Lisboa Central, designadamente ao nível das populações afetadas”, disse, acrescentando que irá haver uma diminuição da oferta de camas.

LUSA/SO

 

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