24 Mar, 2017

Paradigma no tratamento da doença neurodegenerativa associada às Mucopolissacaridoses mudou

A reunião MPS e o Cérebro decorreu em Évora, no dia 18 de março, co-organizada pela Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas (SPDM), com o apoio da BioMarin, e dedicada à doença neurodegenerativa nas MPS, um grupo de doenças de sobrecarga lisosomal, genéticas e ultra-raras

Esta reunião foi coordenada por Elisa Leão Teles, Coordenadora da Unidade de Doenças Hereditárias do Metabolismo do Centro Hospitalar de São João – Porto, e por Paul Harmatz, pediatra do Oakland Children’s Hospital, em São Francisco (EUA) e investigador experiente na área das MPS. Contou com mais de 80 profissionais de diferentes especialidades e oradores de diferentes países,
incluindo Argentina, Reino Unido e Espanha.

“Há pelo menos dez anos, existem terapêuticas para estas doenças. Estas terapêuticas são sistémicas e não especificamente orientadas à doença neurodegenerativa associada. Neste momento, a investigação está a evoluir e a mudar o seu foco, pelo que os ensaios clínicos em curso tentam dirigir o tratamento ao sistema nervoso central, com resultados avaliáveis através de testes neuropsiquiátricos e psicológicos e de uma combinação de testes comportamentais, de biomarcadores e do fluido cerebrospinal”, comenta Paul Harmatz.

Os estudos clínicos mencionados ensaiam novos métodos de distribuição do tratamento, que “incluem a injeção direta de enzimas no fluido cerebrospinal, a transferência de enzimas que atravessem a barreira hemato-encefálica, terapias genéticas e até a utilização de pequenas moléculas anti-inflamatórias nano-transportadoras”, avança o mesmo especialista.

Uma vez que são doenças ultra-raras, o maior desafio que a comunidade científica enfrenta no desenvolvimento de novas terapêuticas é o escasso número de doentes.

Elisa Leão Teles destaca que “estamos perante uma visão diferente das MPS, muito mais integradora dos diferentes problemas que afetam estes doentes. Esta reunião foi uma chamada de atenção para a necessidade fundamental de uma equipa multidisciplinar e de um trabalho conjunto de médicos neurologistas e de especialistas em neurodesenvolvimento para a avaliação adequada destes doentes.”

Alterações de comportamento e respiratórias e problemas de deglutição “registam-se com frequência e constituem sinais e sintomatologia que, até agora, não eram devidamente avaliadas, nem valorizadas nas queixas dos próprios pais”. Estes sinais acompanham os que “sempre foram evidentes nas MPS: alterações musculo-esqueléticas, as organonemalias, o declínio do domínio cognitivo, entre outros”.

As MPS englobam sete tipos do grupo das doenças de sobrecarga lisosomal. Cada uma destas patologias é causada por uma deficiência enzimática herdada, afetando a degradação de hidratos de carbono complexos, os mucopolissacarídeos ou glicosaminoglicanos (GAG’s).

Numa situação normal, as enzimas do lisosoma degradam estas macromoléculas em componentes mais pequenos, permitindo a sua assimilação pelo organismo. Quando este processo falha, os GAG’s acumulam-se nos lisosomas, levando a um funcionamento anormal da célula e conduzindo às manifestações da doença de forma multissistémica. Para o diagnóstico das MPS pode avaliar-se a actividade enzimática numa gota de sangue seco, determinando o tipo de MPS, consoante a falha enzimática associada.

A acumulação dos GAG’s faz-se principalmente a nível do fígado, rins, pulmões, baço, coração, sistema músculo-esquelético e também no Sistema Nervoso Central, observando-se deformações esqueléticas, alterações nos órgãos e tecidos e lesões secundárias graves, que variam consoante o tipo de MPS.

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A BioMarin é a empresa farmacêutica ou de biotecnologia que desenvolveu mais tratamentos para a MPS.

Comunicado de Imprensa/SO

 

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