10 Out, 2017

Ordem dos Nutricionistas alerta para a falta de vigilância das refeições escolares

O alerta da bastonária Alexandra Bento surge na sequência de denúncias de associações de pais sobre a má qualidade e a pouca quantidade de alimentos fornecidos pelas cantinas.

Alexandra Bento afirma não estar surpreendida com as denúncias, que vieram confirmar vários estudos nacionais que revelam casos de escolas onde “a qualidade das refeições apresenta problemas graves”. Existem referenciais para o que é disponibilizado nas cantinas e bares “que podem ser melhorados, mas a grande preocupação é o cumprimento dessas regras e a falta de fiscalização”, sublinhou a bastonária em declarações à Lusa.

“O que se verifica em algumas escolas é alarmante e esta é uma questão prioritária. O perigo para as crianças é imenso. Estamos a falar na saúde futura das nossas crianças”, alertou.

Contactado pela Lusa, o gabinete do Ministério da Educação explicou que cabe às direções escolares “a responsabilidade diária pelo refeitório e todo o seu acompanhamento, garantindo o seu bom funcionamento”. As direções escolares devem “acompanhar o serviço prestado e proceder à avaliação das refeições”, acrescentou o ME.

Este ano, os serviços do ministério já receberam várias reclamações: “Na maioria evidenciava-se o baixo nível da qualidade dos produtos utilizados pelas empresas adjudicatárias”.

O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, admitiu que possam existir falhas em algumas escolas, principalmente onde o serviço é feito por empresas privadas.

“As refeições deveriam ser confecionadas nas escolas, que têm cantinas e cozinhas para o fazer. Quando isso acontece não há queixas, mas atualmente muitas escolas têm entregado a confeção a privados. As refeições são técnica e cientificamente corretas mas não são apelativas para os alunos”, defendeu Manuel Pereira.

Atualmente existem 1.148 refeitórios em funcionamento nas escolas de 2.º, 3.º ciclos e secundário: 548 de gestão direta, 776 de gestão adjudicada e 24 de gestão autárquica, segundo dados do ME.

Na escola de Manuel Pereira as refeições são feitas na cantina por funcionários e o presidente garante que ficam abaixo do valor mínimo definido pela tutela: “As refeições têm de ficar entre os 1,42 euros e os 1,70 euros. Nós conseguimos fazê-las 20 cêntimos abaixo e oferecemos às crianças peixe fresco, não congelado”, garantiu.

A Bastonária da Ordem dos Nutricionistas duvida que as empresas privadas consigam oferecer refeições com qualidade quando o valor ronda os 1,50 euros por aluno: “Com estes valores é possível conseguir o equilíbrio nutricional mas é preciso muita mestria, sendo que no caso das empresas me parece impossível, porque além dos géneros alimentares ainda têm de pagar funcionários e equipamentos”, alertou.

Para Alexandra Bento estes problemas poderiam ser minimizados com a criação de uma equipa de nutricionistas que ficariam responsáveis por supervisionar os referenciais estabelecidos para as cantinas e bares, pela garantia de que as empresas estavam a cumprir com o que se tinham comprometido nos contratos e com campanhas de promoção de saúde nas escolas.

LUSA/SO/SF

 

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