11 Jan, 2018

OM reconhece benefícios da canábis em situações clínicas específicas

A posição da Ordem sustenta-se num parecer técnico que informa que "Existe forte evidência da eficácia da canábis e canabinóides no tratamento de dor crónica nos adultos, como antiemético associado ao tratamento oncológico, na redução da espasticidade por esclerose múltipla e no controlo da ansiedade".

A Ordem dos Médicos acaba de anunciar que a pedido do Bastonário, Miguel Guimarães, solicitou ao Conselho Nacional da Política do Medicamento da Instituição, um parecer sobre o uso de canábis para fins terapêuticos. No documento, é reconhecido que “Existe forte evidência da eficácia da canábis e canabinóides no tratamento de dor crónica nos adultos, como antiemético associado ao tratamento oncológico, na redução da espasticidade por esclerose múltipla e no controlo da ansiedade.”

Em comunicado, a OM informa que homologou o parecer em Conselho Nacional reconhecendo que, nestes casos específicos, “o melhor nível de evidência atual permite considerar a potencial utilização” de canábis na sua forma medicamentosa.

O parecer destaca ainda que, “pela potencial toxicidade de canábis e canabinóides, a sua prescrição deve ser exclusivamente médica, com especial regulamentação” e implica um controlo adequado das especificações de produto, incluindo substâncias ativas, doses, processo de fabrico. Lembra também que, atualmente, “nenhum país europeu autoriza a canábis fumada para fins médicos”.

No comunicado, a OM  alerta para que as recomendações sobre a utilização de canábis ou canabinóides deverão ser atualizadas à medida que mais evidência for publicada, incluindo os ensaios clínicos que se encontram atualmente em curso.

No parecer, a que o nosso jornal teve acesso, os relatores começam por apontar que “diversos países permitem o uso de derivados de canábis e canabinóides para fins terapêuticos, entre os quais Canadá, Estados Unidos da América e vários países europeus, incluindo Portugal.

PAra além do potencial terapêutico avançado pela Ordem dos Médicos, os peritos do Conselho Nacional da Política do Medicamento da Instituição afirmam existir “alguma/moderada evidência de suporte ao uso de canabinóides na melhoria do sono em pessoas com apneia obstrutiva do sono, fibromialgia, anorexia por cancro, stress pós-traumático e no tratamento do glioma.

Por outro lado, salientam, “não existe evidência que permita afirmar a eficácia de canábis ou canabinóides no tratamento de cancro (para além do tratamento de glioma*), caquexia induzida pelo cancro, sintomas de síndrome de intestino irritável, epilepsia, espasticidade por lesão medular, esclerose lateral amiotrófica, coreia de Huntington, glaucoma, doença de Parkinson ou esquizofrenia, apesar dos estudos desenvolvidos nestas áreas.

Já sobre a a segurança da utilização clínica de canábis e canabinóides, os peritos da Ordem dos Médicos afirmam no seu parecer que:

Existe forte evidência da associação de consumo de canábis e desenvolvimento de dependência, esquizofrenia e outras psicoses (aumentando o risco com o aumento do consumo), agravamento de dificuldade respiratória, bronquite crónica e acidentes rodoviários.
– Existe forte evidência da associação de consumo de canábis pela mãe e baixo peso neonatal.
– Existe moderada evidência da associação de consumo de canábis e ideação suicida crises maníacas e hipomaníacas em indivíduos com perturbação bipolar, diminuição da aprendizagem, dificuldades de memorização e atenção, ou sintomas depressivos.
– Existe limitada evidência da associação de consumo de canábis e morte por overdose, desenvolvimento de perturbação bipolar ou de ansiedade generalizada, desenvolvimento de doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), hospitalizações por DPOC, crises de asma, fibrose hepática, alterações no sistema imunitário, insucesso académico, ou desemprego.
– Existe limitada evidência entre a associação de consumo de canábis e risco de neoplasias sólidas ou hematológicas, não se podendo afirmar que o consumo possa constituir um fator de risco para qualquer tipo de neoplasia.

Existe limitada evidência entre a associação de consumo de canábis e enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral isquémico, hemorragia subaracnóidea ou diabetes.

Finalmete, apontam os relatores do parecer solicitado pelo bastonário, que “é escassa a informação sobre os efeitos secundários da utilização crónica de canábis”.

Fonte: Comunicado de imprensa/PArecer/SO

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