Olhos de peixe podem ajudar oftalmologia humana
A capacidade que alguns peixes têm de restaurar a retina e recuperar a visão depois de grandes danos poderá ser replicada nos seres humanos, cujas retinas são basicamente semelhantes, sugerem cientistas dos EUA
Na sua investigação, publicada ontem na revista especializada Stem Cell Reports, os biólogos da universidade norte-americana de Vanderbilt, identificaram um sinal cerebral como o que desencadeia o processo de autorregeneração da retina no peixe-zebra.
Esse neurotransmissor, designado por GABA, costuma inibir a transmissão de impulsos nervosos, o que tem um efeito calmante no cérebro.
Os cientistas querem agora prosseguir os estudos e afirmam que a sua descoberta abre a possibilidade de se induzir nas retinas humanas a capacidade de se regenerarem, reparando danos causados por doenças degenerativas e traumas.
“A opinião que tem prevalecido é que o processo de regeneração na retina dos peixes é desencadeado por fatores de crescimento segregados pelo animal, mas os nossos resultados indicam que o neurotransmissor GABA pode ser o iniciador do processo”, afirmou o biólogo James Patton, principal autor do estudo.
O académico acrescentou que o neurotransmissor consegue iniciar a reparação mesmo que não haja danos efetivos na retina.
A estrutura da retina dos peixes e dos mamíferos é essencialmente igual: numa espessura de 0,5 milímetros encontram-se células que detetam a luz, outras que assimilam a informação e outras que a enviam para o cérebro.
James Patton apontou que os níveis do neurotransmissor GABA são ainda centrais na regeneração de células do pâncreas e do hipocampo, o centro da memória do cérebro.
LUSA/SO
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