2 Fev, 2017

MSD chega a acordo com o Estado para o fornecimento de novo medicamento para a Hepatite C

A Merck, Sharp & Dohme, Lda chegou a acordo com as Autoridades de Saúde Portuguesas visando a disponibilização do seu medicamento elbasvir + grazoprevir para o tratamento dos doentes com infeção crónica pelo vírus da hepatite C, genótipos 1 e 4, informou a empresa em comunicado

“Este acordo representa um acréscimo de oportunidades de tratamento, mais do que alternativas complementares. De facto, um grupo importante dos nossos doentes com hepatite C, que tem já algum grau de compromisso da função renal (pela idade, por doenças associadas como a diabetes ou hipertensão) é mais facilmente e com maior segurança abordado, tendo esta associação de fármacos já disponibilizada. Ficam na prática ultrapassados alguns constrangimentos que tínhamos, podendo agora lançarmos mão para o desejado tratamento generalizado da hepatite C». É desta forma que o Prof. Guilherme Macedo, diretor do Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar São João, no Porto, citado no comunicado, comenta o acordo que possibilita disponibilizar a todos os doentes com hepatite C a combinação terapêutica elbasvir + grazoprevir.

“O conceito de universalizar o tratamento já o tínhamos presumido, havia algumas franjas de doentes ao qual seria necessário um pouco mais de precaução por considerar algumas comorbilidades que apresentavam. A possibilidade de acrescentarmos esta ultrapassagem de algumas limitações, permite-nos encarar com otimismo a nossa pretensão de conseguirmos tentar erradicar a infeção em todos os portugueses infetados pelo HCV, mesmo que ainda só tenhamos conseguido identificar cerca de 15 mil candidatos a tratamento”, acrescenta o especialista reforçando que “vai ser necessário um forte empenho dos clínicos para rastrear e descobrir o número de doentes que sabemos existir ainda em Portugal e que rondarão os cerca de 80 mil infetados”.

Também citado na nota enviada Às redações, o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, o hepatologista Prof. Rui Tato Marinho, destaca que “é sempre bom ter mais fármacos disponíveis, não só em termos económicos, mas também clínicos. Temos mais opções não só para os infetados com outras comorbilidades, mas também para quem não tenha respondido a anteriores tratamentos, mesmo com os fármacos desta geração». Sobre estes fármacos destaca «a elevada eficácia (> 95%), segurança comprovada em numerosos ensaios clínicos e segurança também num grupo de doentes mais difíceis (por exemplo, doentes com insuficiência renal em diálise)”.
Sobre os candidatos a usufruir desta nova combinação terapêutica, o Prof. Rui Tato Marinho realça «que se deveria aumentar a identificação dos possíveis infetados. Os Médicos de Medicina Geral e Familiar podem ter um papel crucial. Temos que os chamar para a prática mais atual da hepatologia». «Um dos grandes problemas com a hepatite C em Portugal é que mais de 40% tem doença avançada (fibrose intensa ou cirrose). Estes vão manter o risco de descompensar e de desenvolver cancro do fígado.  É um risco muito reduzido mas existe, não podem ter alta da nossa consulta. Eu chamaria o pós-guerra da hepatite C, uma nova fase. Ao mesmo tempo estamos a proporcionar momentos felizes a muitos portugueses e suas famílias curando uma doença potencialmente grave. É uma oportunidade única para aproximar de forma positiva muitos portugueses com vidas difíceis do sistema e dos profissionais de saúde que os querem ajudar», reforça o também presidente da Semana Digestiva 2017.

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