21 Fev, 2017

Médicos insatisfeitos com novas regras das urgências

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) tomaram uma posição conjunta e garantem que a matéria não é "passível de entendimento"

A intenção do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, de aumentar a idade de dispensa do serviço de urgência em 10 meses gerou uma onda de revolta por parte dos profissionais. Os sindicatos afirmam que não existe margem de negociação e que se a medida avançar, muitos daqueles que ainda prestam serviço vão deixar de o fazer.

Por lei, os clínicos deixam de fazer urgências à noite a partir dos 50 anos e todas as outras a partir dos 55. O Conselho Nacional da Ordem dos Médicos reagiu em comunicado, afirmando que os profissionais de saúde não podem continuar a ser “os bodes expiatórios das insuficiências do sistema”, como no “caso particular do serviço de urgência”.

O ministro da Saúde justifica a sua intenção com o aumento da esperança média de vida.

Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), afirma que “é lamentável e grave que um médico de saúde pública” sugira aumentar a idade de trabalho nas urgências. “As pessoas que hoje vão à urgência têm situações mais graves e condições mais críticas. Hoje é mais difícil fazer urgências do que há dez anos. Esta é uma matéria que não tem qualquer hipótese de negociação. Cerca de 30% dos médicos com mais de 50 anos ainda fazem urgências noturnas porque querem e cerca de 15% fazem urgências de dia. Caso esta medida vá para a frente, há médicos que vão sair. Apelamos ao bom senso do ministério e dos partidos que apoiam o governo para evitar formas de luta que os médicos não querem”.

Também a Federação Nacional do Médicos (Fnam) mantém a posição. “Esta não é uma matéria negociável em circunstância alguma. Quando todos falam de ‘burnout’ das repercussões gravíssimas que as situações de exaustão têm na qualidade do desempenho médico, aparece o ministério a querer mudar as regras”, diz Mário Jorge Neves.

O novo bastonário, Miguel Guimarães, revelou que não houve qualquer discussão sobre esta matéria, considerando “lamentável que se apresente como solução, para resolver as insuficiências e deficiências dos serviços de urgência dos hospitais, o aumento da idade de dispensa de trabalho dos médicos”.

Miguel Guimarães afirmou que as questões laborais devem ser negociadas com os sindicatos.

DN/JN/SO

 

 

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