2 Ago, 2017

Médicos dão menos de um mês ao Governo antes de convocarem nova greve nacional

Em causa está a redução da lista de utentes por médico de família, que atualmente se situa nos 1.900 utentes por médico, enquanto os sindicatos pretendem regressar a valores próximos dos 1.500

Os médicos dão menos de um mês ao Governo para resolver as principais reivindicações que têm feito ou avançarão para uma nova greve nacional, que seria a segunda este ano.

“Caso as negociações não se traduzam a curto prazo em resultados inequivocamente positivos, as organizações sindicais médicas estão preparadas para desencadearem os adequados mecanismos legais de convocação de uma nova greve nacional dos médicos”, afirmou o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, numa declaração no final da reunião do Fórum Médico, que ontem decorreu em Lisboa.

Questionado sobre o que significa o “curto prazo”, Miguel Guimarães respondeu que os médicos esperam soluções durante o mês de agosto.

O presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) foi mais longe, considerando que a próxima reunião, em 11 de agosto, com o Ministério da Saúde é um encontro “do tudo ou nada”.

Mário Jorge Neves disse ainda que desde a greve nacional de dois dias que ocorreu em maio o Governo tem andado de “adiamento em adiamento”.

“Estamos em princípio de agosto com a mesma situação que tínhamos há um ano e meio”, afirmou.

Os sindicatos mostraram-se disponíveis para que três das suas principais reivindicações sejam faseadas em três datas diferentes até ao fim da legislatura.

Em causa está a redução da lista de utentes por médico de família, que atualmente se situa nos 1.900 utentes por médico, enquanto os sindicatos pretendem regressar a valores próximos dos 1.500.

A limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200 e a imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência são outras das matérias essenciais para os sindicatos e que já estiveram na origem da greve de maio.

Das conclusões do Fórum Médico de hoje resultou ainda o incentivo para que as organizações médicas procedam à denúncia pública das “deficiências, insuficiências e injustiças” no sistema de saúde.

Para as organizações médicas, as condições de trabalho no setor continuam a agravar-se, com o contexto laboral e salarial a manter-se em níveis elevados de decadência.

Alegam que continua a crescer a revolta entre os médicos e que as promessas ministeriais não têm passado a atos concretos.

“Chegámos mais uma vez a uma situação que já não permite uma atitude expectante”, avisam os profissionais, numa nota divulgada no final da reunião do Fórum Médico.

LUSA/SO/MM

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