Médicos alertam para cuidados com o consumo de peixe cru

Após caso de infeção parasitária em Portugal, os médicos voltam a alertar para os cuidados a ter com o consumo de peixe cru ou mal cozinhado

O caso é relatado num artigo publicado na quinta-feira na revista médica BMJ, cuja primeira autora é a médica Joana Carmo, do Departamento de Gastroenterologia do Hospital Egas Moniz, em Lisboa.

A equipa médica portuguesa descobriu, após um exame ao estômago (endoscopia) e análises laboratoriais, que o homem, de 32 anos, que tinha comido ‘sushi’ e se queixava de dores fortes na barriga, vomitava e estava febril, continha na mucosa gástrica um parasita da espécie ‘Anisakis’, que causa a infeção conhecida pelo nome científico de ‘Anisakiasis’.

A ‘Anisakiasis’ surge quando se consome peixe cru, como por exemplo sob a foram de ‘sushi’, ou mal cozinhado que está infetado com parasitas da espécie ‘Anisakis’, que podem contaminar salmão, arenque, bacalhau, cavala, lulas, alabote e anchovas. A infeção parasitária pode afetar o estômago, o intestino, órgãos fora do aparelho gastrointestinal ou gerar reações alérgicas como urticária e choque anafilático.

No caso descrito na BMJ, tratou-se de uma ‘Anisakiasis’ gástrica, em que os sintomas (dor de barriga, náuseas e vómitos) se desenvolvem rapidamente (ao fim de uma a oito horas) após a ingestão de peixe cru.

Os médicos removeram o parasita com uma pequena rede de plástico inserida no estômago com o auxílio de um endoscópio (tubo ótico com câmara que é usado nos exames ao estômago).

Segundo os autores do artigo, a maioria das infeções por parasitas ‘Anisakis’ têm sido reportadas no Japão, onde é muito comum a dieta alimentar à base de peixe cru, mas estes parasitas já foram observados em peixe colocado à venda em mercados e supermercados em Espanha.

Os médicos advertem que o consumo de refeições como ‘sushi’ tem-se popularizado nos países ocidentais e aconselham os profissionais de saúde a estarem atentos aos sintomas de doentes que comeram peixe cru ou pouco cozinhado, como dores de barriga, náuseas, vómitos, obstrução intestinal e sangramento nas fezes, que se podem confundir com sintomas de outras patologias, como apendicite e úlceras. Em muitas situações, o diagnóstico da ‘Anisakiasis’ só se consegue após uma cirurgia.

Cozinheiros de ‘sushi’ devidamente treinados podem detetar parasitas de ‘Anisakis’, uma vez que são visíveis no peixe.

Para evitar a infeção parasitária, os especialistas aconselham a cozedura do peixe a 70ºC ou o seu congelamento a -20ºC pelo menos durante três dias.

LUSA/SO/SF

 

Gedeon Richter

 

 

 

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