21 Fev, 2018

Medicamento para a psoríase pode reduzir o risco cardiovascular

Um medicamento usado para tratar a psoríase pode ajudar a reduzir a inflamação aórtica, um fator de risco crucial para doenças cardíacas, assim sugere um estudo recentemente divulgado.

A psoríase é uma doença crónica da pele, autoimune, que se estima afetar mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo. As células da pele de pessoas com psoríase têm um crescimento mais acelerado do que o normal, produzindo manchas vermelhas que causam alguma comichão.

Embora seja uma doença que pode afetar qualquer pessoa, a maioria dos casos ocorre entre os 15 e os 30 anos ou entre os 50 e 60 anos de idade, manifestando-se em qualquer parte do corpo. As causas ainda não são conhecidas, contudo é uma doença associada a pessoas com diabetes, depressão e doença cardíaca, sendo esta última mais comum nos casos de psoríase grave.

Um grupo de investigadores da Perelman School of Medicine na Universidade da Pensilvânia, em Filadélfia, juntou-se a uma equipa do National Heart, Lung, and Blood Institute para analisar os efeitos de ustecinumab em algo que não a pele.

O ustecinumab, vendido como Stelara, é um anticorpo que interfere com a resposta inflamatória do corpo. É prescrito para o tratamento da psoríase quando tratamentos/medicamentos anteriores não fizeram efeito. Também pode ser utilizado para a Doença de Crohn, uma doença inflamatória do intestino.

Uma vez que o ustecinumab reduz a inflamação associada à psoríase, os investigadores procuraram perceber se poderia ter o mesmo efeito na inflamação no coração. Um dos autores, Dr. Joel M. Gelfand, professor de dermatologia e epidemiologia, explica o processo, afirmando que “o tipo de inflamação que vemos na psoríase é semelhante ao que vemos na aterosclerose”, que descreve como “um tipo de doença cardíaca que envolve a acumulação de gorduras, o colesterol e células inflamatórias nas paredes das artérias”, citado no website Medical News Today.

O estudo contou com a participação de 43 pessoas com psoríase, sendo que apenas 22 receberam o medicamento. Como resultado, os investigadores concluíram que, para além das melhorias significativas nos sintomas de psoríase em ¾ dos participantes que tomaram ustecinumab, o grupo experimental verificou uma queda de 6.6% na inflamação aórtica, enquanto que o grupo controlo registou um aumento de 12%.

O Dr. Joel M. Gelfand olha para estas descobertas como “a promessa de que este tratamento pode reduzir o risco de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral no futuro. É uma descoberta encorajadora”, afirma.

Contudo, os resultados não são totalmente conclusivos. O professor pretende dar continuidade a este estudo com novos testes noutros indivíduos e acompanhando os atuais participantes de forma a verificar se o efeito na inflamação aórtica persiste.

Estas descobertas foram apresentadas na reunião anual da American Academy of Dermatology de 2018, em San Diego, Califórnia.

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