Manifesto alerta para “esvaimento dos centros de saúde” e defende a sua recuperação
O documento defende que é “possível e necessário” recuperar os centros de saúde como primeira porta de entrada no SNS, devolvendo-lhe proximidade, acessibilidade e capacidade de orientação dos doentes.

A Fundação para a Saúde – SNS lança um manifesto, alertando para o “esvaimento dos centros de saúde” e para as crescentes dificuldades de acesso aos cuidados de saúde primários. O documento, intitulado “Sobre os serviços e cuidados de saúde a que temos direito”, é assinado por figuras como o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, o diretor do IPATIMUP, Manuel Sobrinho Simões, e a antiga ministra da Saúde Maria de Belém Roseira.
O manifesto, citado pelo Público e pelo Diário de Notícias, denuncia que existem centros de saúde que já não atendem chamadas telefónicas, respondem a emails com atraso e, em alguns casos, recusam atender doentes com situações agudas. Perante este cenário, os signatários lançam o apelo: “Exigimos o nosso centro de saúde de volta.”
Os subscritores defendem que o enfraquecimento da resposta dos cuidados primários tem obrigado os cidadãos a recorrer à Linha Saúde 24, mesmo para situações que deveriam ser acompanhadas pela equipa de saúde familiar. No manifesto, alertam que estas chamadas podem demorar “tempos insuportáveis” e que os algoritmos utilizados não substituem o conhecimento clínico de proximidade.
Os autores sublinham que a linha SNS24 não foi criada para substituir os centros de saúde, mas para complementar o sistema, sobretudo em picos de doença aguda ou quando as urgências estão sob pressão. Reforçam que os utentes devem poder contar com a relação de confiança e com o acompanhamento de profissionais que os conhecem e têm acesso ao seu histórico clínico.
O documento defende que é “possível e necessário” recuperar o centro de saúde como primeira porta de entrada no SNS, devolvendo-lhe proximidade, acessibilidade e capacidade de orientação dos doentes. Para os signatários, o centro de saúde deve ser “o espaço onde as pessoas encontram o seu SNS”.
Em declarações ao Público, o psiquiatra e professor António Leuscher, também subscritor, afirma que o objetivo é garantir cuidados centrados no doente, preservando a confiança e a acessibilidade: “Quando dizemos que queremos o nosso centro de saúde de volta, falamos de um centro de saúde multifuncional, pronto a responder.”
Entre os signatários destacam-se ainda o presidente do Conselho Consultivo da ERS, Alcindo Maciel Barbosa, o especialista em Medicina Geral e Familiar José Luís Biscaia, e o psiquiatra Júlio Machado Vaz, entre outros nomes da saúde e da sociedade civil.
SO/LUSA
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