23 Nov, 2016

Linha SOS Estudante alargada a todos e agora também via ‘skype’

A linha de apoio SOS Estudante foi pensada para os alunos, mas atende chamadas de pessoas de todas as faixas etárias e agora passa também a estar disponível por ‘skype', à procura de ouvir a geração mais jovem

Em vésperas de completar 20 anos, a SOS Estudante criou em outubro uma conta no ‘skype’ (software que permite comunicação através da internet por voz, texto ou vídeo), à procura de chegar aos mais jovens, explica a direção da única linha de apoio emocional do país composta apenas por estudantes.

A opção de criar a conta no ‘skype’ não está relacionada com a gratuitidade das chamadas, mas por a direção constatar que “os jovens preferem falar por mensagens” do que através de uma conversa telefónica, explica a tesoureira da SOS Estudante, Diana Callebaut.

Apesar de no ‘skype’ não ser possível identificar tão facilmente o estado emocional das pessoas, os jovens têm hoje uma maior preferência pelas mensagens de texto, com as conversas por voz a poderem ser consideradas por estes “mais intrusivas”, explica a estudante de medicina.

A iniciativa, lançada a título experimental, ainda não tem tido “grande procura”, mas a publicidade deste novo meio para falar com os voluntários da SOS Estudante também não é muita, sublinha o presidente, Diego Prado.

A linha de apoio, que vai fazer 20 anos em abril de 2017, conta com mais de 600 chamadas por ano, numa média de duração de 20 a 30 minutos cada, atendidas por um dos 24 voluntários que garantem o funcionamento da SOS Estudante entre as 20:00 e a 01:00, todos os dias.

Nas chamadas, os principais problemas relatados estão relacionados com a solidão (24%), relacionamentos (20%), mas também a sexualidade ou a ideação suicidária (08%).

Apesar de a linha ter sido pensada para os estudantes, atualmente a maioria (44%) das pessoas que liga para a SOS Estudante tem mais de 50 anos e a quase totalidade são homens (90%), estima a linha de apoio, que funciona como secção cultural da Associação Académica de Coimbra.

Para participar na linha, os estudantes têm de passar por uma seleção e uma formação de 30 horas, onde aprendem “a escutar” e a aproximarem-se “do problema da pessoa”, afirma à Lusa Diego Prado.

“Chamamos-lhe uma escuta ativa ou empática”, acrescenta Diana Callebaut.

Durante a chamada, não há espaço para conselhos ou julgamentos. “Em vez de orientarmos a pessoa para um caminho, tentamos que a pessoa perceba por ela própria o que quer fazer”, explica.

“Uma boa chamada é quando compreendemos a pessoa e sentimos que a pessoa se sente compreendida”, sublinha Diego Prado.

No entanto, escutar os problemas das pessoas “não é fácil” e a própria linha garante apoio aos voluntários que precisem “de desabafar”, refere.

Ana Luís Garcia, antiga presidente da SOS Estudante, realça que na formação os voluntários aprendem “a escutar e a empatizar com a pessoa que liga. Despimos ao máximo as nossas opiniões e julgamentos para ouvir sem dar qualquer juízo de valor”.

“Somos, acima de tudo, um ouvido. Muito mais um ouvido do que uma voz”, realça a estudante de direito.

A SOS Estudante já está a assinalar os 20 anos de vida, com sessões de cinema e de debate.

Na quarta-feira, é exibido o filme “Três Cores: Azul”, no Aqui Base Tango, e a 07 de dezembro é dinamizado um debate intitulado “A (des)construção da identidade”, na Casa das Artes Bissaya Barreto.

Em 2017, a linha de apoio realiza mais duas sessões de cinema e duas sessões de debate em março e, em abril, acolhe o Encontro Nacional das Linhas de Apoio Emocional.

A linha está acessível através dos números 915246060, 969554545 e 239484020 e através do skype (nome de utilizador: sos.estudante).

SO/LUSA

 

 

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