3 Mar, 2017

Jovem Portuguesa sobrevive a linfoma agressivo e faz vídeo motivacional para outros doentes

Aos 22 anos, Bárbara Machado sobreviveu a um linfoma muito agressivo (não-hodgkin), fez um vídeo em que relatou de forma positiva os dias da quimioterapia, gere hoje um negócio familiar e trocou o futsal pelo fitness

Os meses que transitaram entre novembro de 2009 e junho de 2010 foram de “superação” para a então recém-formada em gestão de empresas, praticante federada de futsal e voluntária na Cruz Vermelha, em Vilela, concelho de Paredes.

“Primeiro foi uma dor de ouvidos e depois os gânglios a aumentarem que me fez repetir, durante três meses, consultas no setor particular até que no Centro Hospitalar do Porto, numa consulta de sangue, disseram-me ser 99% seguro que tinha um linfoma”, disse à Lusa Bárbara Machado.

O linfoma não-hodgkin, que foi diagnosticado a Bárbara Machado, é uma doença que afeta as células do sistema linfático e define-se por ser indolente (de baixo grau e de evolução lenta) ou agressivo (de alto grau ou crescimento rápido), subdividindo-se em 30 tipos em função do aspeto das células, colhidas através de uma biopsia.

A notícia de doença que “é uma anomalia genética e que acontece nos jovens a partir dos 20 anos e nos idosos a partir dos 60” foi-lhe dada “da forma que mais queria” ouvir, que o linfoma “era para curar”.

Contudo, o voluntariado na Cruz Vermelha “teve de ser abandonado” mas pode continuar a trabalhar com os jovens e crianças num tempo em que “a cada consulta perguntava se já podia voltar aos treinos” de futsal que tinha interrompido.

Determinada a vencer a doença que lhe ameaçava o futuro, a jovem residente em Paços de Ferreira, distrito do Porto, pensou primeiro “em escrever tudo o que estava a sentir”, mas o espaço temporal entre quando se sentia doente e quando tinha vontade de escrever fê-la mudar o alvo das suas memórias.

“Impulsionada por uma amiga com formação em multimédia, avancei para a produção de um vídeo, que dura 15 minutos, em que contei como contrariei tudo o que de mau me foi acontecendo, para nunca me esquecer do que passei”, relatou a jovem.

Desse período guarda a conversa “muito importante” que teve com um ex-doente de linfoma por lhe ter permitido “partilhar com alguém que também praticava desporto” a vivência da doença.

Uma versão de sete minutos desse vídeo foi posteriormente aproveitada pela Associação de Apoio a Doentes com Leucemia e Linfoma (ADL) para ajudar os pacientes que apoiados no Centro Hospitalar de São João, no Porto.

Com duas sessões de quimioterapia ainda por cumprir, a 23 de junho de 2010 Bárbara recebeu a notícia de que ganhara a luta a um linfoma no Estádio III (num máximo de quatro), mas que por ter “sido detetado a tempo foi possível ser controlado”.

Depois quis recomeçar “depressa demais”, mas o corpo resistia “e o futsal foi ficando para trás”.

“Era a tartaruga da equipa!”, recordou, entre sorrisos, sublinhando que fora de campo a sua postura “gerou uma onda de solidariedade”.

“Do conjunto de palestras em que participei, uma delas juntamente com o meu vídeo, e uma onda de solidariedade, fizeram render cerca de dois mil euros para a associação Pegadas de Amor, em Paredes”, disse.

Vítima de um linfoma “muito agressivo mas também muito sensível ao tratamento”, Bárbara lembrou que na ADL a alertaram para “cuidar sempre da imagem, que estar nas sessões de quimioterapia não era razão para descurar a aparência”.

O fim do tratamento deixou-a disponível e empenhada em seguir a sua vida e, depois de passar por vários empregos, sempre na área da gestão, e do regresso à Cruz Vermelha, está há três anos à frente de “um negócio familiar na área da decoração de interiores” e tornou-se instrutora de fitness.

O seu testemunho faz parte do livro “Somos todos heróis” que será apresentado hoje ADL, no Porto, e o vídeo pode ser encontrado na página oficial da associação, AQUI

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