JABA prepara lançamento de medicamento inovador para o tratamento da ejaculação precoce

No ano em que completa 90 anos de existência, a empresa adquirida em 2006 pela italiana Recordati prepara o lançamento de novos medicamentos, inovadores, para a ejaculação precoce e esquizofrenia

Depois de ter lançado em Setembro de 2016 um novo medicamento indicado para o tratamento da disfunção eréctil, cuja forma de administração – creme – veio revolucionar o tratamento desta condição, muito prevalente, a JABA, acrónimo de José António Baptista de Almeida (fundador da empresa e avô do ator Joaquim de Almeida), prepara-se para lançar em Portugal mais um produto inovador indicado no tratamento da disfunção sexual mais comum no homem, que afeta um em cada três homens em idade sexual ativa: a ejaculação precoce, condição definida em 2014 pela Society for Sexual Medicine como ejaculação sempre ou quase sempre até cerca de 1 minuto depois da penetração vaginal (no caso da síndrome crônica) ou até 3 minutos (na sua forma adquirida). O novo produto, cuja venda estará condicionada a prescrição médica obrigatória, deverá estar disponível no mercado a partir de setembro, será de aplicação local, sob a forma de spray, e custará cerca de 35 euros. Lançado simultaneamente em toda a Europa, o novo fármaco será vendido em embalagens para um mês de tratamento.

Em Entrevista exclusiva ao Jornal Económico, Nelson Pires, Diretor-Geral da empresa, afirmou esperar “um ciclo de vendas muito lento para o novo produto, por um lado porque não é comparticipado e por outro, porque está indicado para uma condição que para a maioria da população não é vista como doença, tratável com recurso a fármacos”, explicou.
Ao Económico, o empresário lamentou o atraso, por parte das autoridades portuguesas, na aprovação do reembolso correspondente a 37% de comparticipação do preço do medicamento lançado pela companhia em 2016 para a disfunção eréctil. Um atraso que limitou as expectativas de vendas do produto, que nas projeções da empresa teriam atingido 1,5 milhões de euros, caso o mesmo fosse comparticipado pelo Estado.

Um revés com impacto significativo nas contas da JABA, que ainda assim encerrou o ano com 40,3 milhões de euros de faturação, mais 6% do que em 2015.
Em linha com a estratégia definida pela empresa para Portugal, um mercado que nos últimos anos tem sido confrontado com sucessivas reduções administrativas dos preços dos medicamentos, a JABA, que em 2006 foi adquirida pelo gigante italiano Recordati ao empresário Joaquim Coimbra, poucos meses depois deste a ter adquirido à família do fundador, vai apostar no lançamento de novos medicamentos, inovadores. Assim, aos medicamentos para as disfunções sexuais mais prevalentes no homem, junta-se um outro, disruptivo, indicado no tratamento da esquizofrenia, que será lançado ainda este ano e que promete alavancar as vendas da empresa.

Outra das apostas da JABA Recordati é a da consolidação da sua presença internacional, que já é responsável por cerca de 8% da faturação da companhia. Para além dos PALOP, com Angola como principal destino das exportações da empresa, “um mercado de que toda a gente se queixa, mas que foi onde mais crescemos em 2016, com vendas que atingiram 2,5 milhões de euros”, destaca Nelson Pires, queremos agora entrar em força na Mauritânia, e na Nigéria, sendo que neste último país, a opção vá ser, não uma operação própria, mas o licenciamento de produtos a parceiros locais. Este ano, só nos mercados africanos de países de língua portuguesa, a JABA espera crescer cerca de 10%.

Comprar nacional
Em 2008, já sob controlo italiano, a JABA vendeu a fábrica que tinha em Portugal ao grupo Tecnimede, passando a adquirir os seus produtos a este e outros fabricantes nacionais de medicamentos, como a Generis, Azevedos, Basi, Lusomedicamenta, Medinfar e também à Recordati, de cujas fábricas provêm cerca de 40% dos fármacos que comercializa.

A opção por adquirir em Portugal, quando poderia optar por outros mercados, muito mais competitivos do que o nacional é justificada por Nelson Pires com “a convicção de que podemos acrescentar valor, ajudando a manter uma indústria que produz de acordo com os mais elevados padrões de qualidade. Cerca de 60% do vendemos (em unidades) é produzido em Portugal”, sublinha o gestor.

Em termos globais, a filial portuguesa da Recordati, é responsável por 3,7% da faturação global da multinacional com sede em Milão, que em 2016 atingiu 1,153 mil milhões de euros.

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