Investigadores portugueses estudam efeitos de antibióticos para infeções na estimulação óssea
Os investigadores observaram, em modelos 'in vitro' e 'in vivo', que a administração de tetraciclinas, em doses reduzidas, sem efeito antibacteriano, pode estimular a atividade dos osteoblastos
Investigadores da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP) estão a estudar o impacto do uso de tetraciclinas, antibióticos utilizados para o tratamento de infeções bacterianas, na estimulação e modulação óssea.
De acordo com o investigador do Laboratório de Metabolismo e Regeneração Óssea da FMDUP (Bonelab) Pedro Gomes, este projeto visa estudar “efeitos menos conhecidos deste grupo farmacológico” em certas doenças, como é o caso da diabetes.
“Verificamos que existe um défice funcional dos osteoblastos [células formadoras do tecido ósseo] em condições diabéticas, motivo pelo qual muitos pacientes são afetados por osteopenia [perda branda de massa óssea] ou osteoporose”, explicou à Lusa o docente da FMDUP.
Nos estudos realizados no Bonelab – coordenado pela professora Maria Helena Fernandes – os investigadores observaram, em modelos ‘in vitro’ e ‘in vivo’, que a administração de tetraciclinas, em doses reduzidas, sem efeito antibacteriano, pode estimular a atividade dos osteoblastos.
De acordo com o docente da FMDUP, a quantidade e qualidade do tecido ósseo são fundamentais na área de intervenção terapêutica da Medicina Dentária, refletindo-se no sucesso clínico de todas as técnicas de reabilitação oral, com recurso a implantes, próteses removíveis e fixas.
Este é um dos resultados obtidos através de trabalhos realizados ao longo de oito anos, com o objetivo de estudar as novas propriedades de fármacos já estabelecidos no mercado.
Segundo o investigador, o conhecimento resultante deste projeto que pode ser partilhado e alargado com outras áreas de intervenção clínica, tais como a ortopedia, a cirurgia maxilofacial, a endocrinologia e outras que intervenham na modulação do metabolismo e regeneração do tecido ósseo.
Nos trabalhos estiveram envolvidos cinco investigadores da FMDUP e diversos de outras instituições.
Os projetos desenvolvidos pelo Bonelab podem ser encontrados em www.bonelab.net.