5 Abr, 2017

Grande maioria dos portugueses com mais de 65 anos come sal em excesso

Cerca de 85% dos portugueses com mais de 65 anos consome sal em excesso, de acordo com um estudo da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP)

A professora Teresa Amaral, coordenadora do projeto, revela que esta percentagem da população “consome mais de cinco gramas de sal por dia, valor máximo diário recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”.

Este é um dos resultados finais do projeto Nutrition UP 65, cujo objetivo foi avaliar o estado nutricional dos portugueses com mais de 65 anos e aumentar o conhecimento dos profissionais de saúde, criando mudanças a médio e longo prazo na vida da população idosa.

Os dados obtidos no estudo mostram ainda que cerca de 44% dos idosos apresentam excesso de peso e 39% têm obesidade, sugerindo-se, nestes casos, “uma intervenção prudente”, individualizada, adaptada aos gostos individuais, diversificada em alimentos, sabores e texturas, evitando dietas restritivas, de forma a preservar a massa muscular e óssea.

Relativamente à nutrição e à hidratação, cerca de 15% desta população apresenta risco de desnutrição, encontrando-se 1.3% desnutridos e 11.6% problemas de hidratação.

Quanto à fragilidade (associada à uma maior morbilidade e mortalidade), 50% dos idosos demonstram sinais desse fator e 30% de pré-fragilidade, valor que baixa para 11,1% no que toca à perda de massa, força e função musculares em consequência do envelhecimento.

Os especialistas propõem uma hidratação adequada e uma ingestão apropriada de energia, micronutrientes, fibras e fontes proteicas (como a carne, o pescado e os ovos).

Aos idosos com baixo risco de doença, sugerem uma vida ativa e ao ar livre, uma alimentação baseada em alimentos nutricionalmente densos (fruta e hortícolas), dando prioridade aos pratos tradicionais (tendo como base leguminosas e hortícolas), bem como à sua proveniência regional e sazonal.

Aconselham ainda o consumo moderado de sal e a prática de exercício físico (através da realização de exercícios aeróbicos e de força), devendo estas medidas ser adaptadas às especificidades de cada um e o estado nutricional avaliado regularmente.

Considerando a elevada prevalência de deficiência (39.6%) e de inadequação (29.4%) de vitamina D registada, os investigadores indicam que uma suplementação desta vitamina “é fundamental para repor os níveis adequados, mantendo, em simultâneo, uma alimentação globalmente equilibrada”.

Para os responsáveis, esta suplementação torna-se mais necessária no inverno, visto que na primavera e no verão a prática de atividades ao ar livre (fora das horas maior calor) possibilita a síntese desta vitamina, para além de melhorar a capacidade física e a regulação dos ciclos de sono e de vigília.

Para obtenção dos resultados foram avaliados 1.500 pessoas com idades entre os 65 e os 100 anos, numa investigação que abrangeu uma amostra representativa em termos de região geográfica, sexo, idade e nível educacional e que implicou a recolha de amostras de sangue e de urina.

Este projeto contou com a participação de investigadores da FCNAUP, do Departamento para a Pesquisa do Cancro e Medicina Molecular da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE.

O NutritionUP 65, que se iniciou em abril de 2015, foi financiado pelo EEAGrants – Programa Iniciativas de Saúde Pública – em 519 mil euros.

Os resultados e as recomendações resultantes deste estudo vão ser apresentados amanhã, às 14:30, no auditório da Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, durante o primeiro Seminário de Nutrição e Envelhecimento, que simboliza o encerramento do projeto.

LUSA/SO/SF

 

Gedeon Richter

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