2 Ago, 2017

Governo de Macau com reservas sobre adoção de um seguro de saúde universal

O líder do Governo de Macau manifestou dúvidas quanto à aplicação de um seguro de saúde universal, por “implicar um esforço pecuniário de todas as partes”, incluindo da população.

Durante uma das três ocasiões em que se desloca à Assembleia Legislativa para responder às perguntas do deputado, Chui Sai On foi confrontado com questões sobre saúde, nomeadamente sobre a possibilidade de ser criado um seguro universal.

“Despendemos um orçamento muito avultado para o sistema de saúde ao longo dos anos. Podemos ver que se tem registado um aumento, quase duplicaram os nossos encargos com o sistema de saúde. Isso teve que ver com uma elevação do nível da tecnologia, diagnósticos, tratamento”, começou por dizer.

Atualmente, lembrou, existe um sistema de saúde público, privado, e privado sem fins lucrativos.

“Temos que ver se a população está interessada ou não num seguro de saúde universal. Implica um esforço pecuniário de todas as partes. Mesmo com o Governo a despender o dinheiro, a população vai ter de estar envolvida nesse sistema”, explicou.

O líder do Governo considerou que este sistema poderia “atenuar os encargos do setor público”, ainda que “certos serviços”, de doenças contagiosas ou oncologia, por exemplo, tivessem sempre “de ser suportados pelo Governo”.

“Na implementação desse seguro universal o essencial é se a população está interessada em contribuir a sua quota parte. O encargo que está a ser suportado pelo Governo não é pequeno. Se implementarmos um seguro universal, isso implica essa vontade dos participantes em aderir ao sistema. Se o número de participantes não for suficiente, vai dar problema”, sublinhou.

O chefe do Executivo afastou também a possibilidade de alargar a escolaridade gratuita ao ensino superior, tendo em conta que já há uma elevada taxa de jovens que frequentam universidades, e por recear o impacto dessa facilidade no espírito de concorrência entre a juventude.

“Sobre a extensão do ensino gratuito ao ensino superior, vemos que em Macau, neste momento, para um curso de quatro anos, há muitos alunos graduados que terminam os seus estudos. Noventa por cento dos jovens do ensino secundário prossegue os seus estudos. Temos de ver se é adequado ou não assegurarmos a gratuitidade do ensino superior”, afirmou.

Chui Sai On salientou que há vagas em instituições de ensino superior na China continental e no estrangeiro a que os jovens de Macau se podem candidatar, e manifestou preocupação que, com tantas “medidas de apoio”, o resultado seja contraproducente: “Se a proteção for demasiada aos nossos jovens, pode ter o efeito que pretendemos ou será que vai ter uma repercussão ao nível da sua capacidade de concorrência?”

LUSA/SO/MM

 

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