Genéricos permitiram duplicar número de doentes tratados na Europa
O uso de medicamentos genéricos na Europa permitiu, em nove anos, duplicar o número de doentes tratados e poupar anualmente cem mil milhões de euros, segundo um estudo internacional hoje divulgado
Estas são as principais conclusões do estudo “O papel dos medicamentos genéricos na sustentabilidade dos sistemas de saúde: uma perspetiva europeia”, levado a cabo pela consultora IMS Institute for Healthcare Informatics e que é hoje apresentado no seminário “O Valor dos Medicamentos Genéricos”, organizado pela APOGEN – Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares.
O trabalho em causa conclui que, sem o uso de medicamentos genéricos, os países europeus gastariam mais cem mil milhões de Euros por ano no tratamento de doentes.
Além disso, o recurso a estes fármacos possibilitou que entre 2005 e 2014 os países europeus duplicassem o número de doentes tratados, sem aumentar a despesa, revela o estudo, destacando que o recurso aos genéricos aumenta o acesso para grupos mais carenciados.
A relevância destes fatores é apresentada em contraponto com a conclusão de que em 2050, a população europeia com mais de 65 anos vai aumentar de 129 para 191 milhões (um crescimento de 50%), com o consequente aumento da incidência de doenças crónicas e o correspondente impacto na despesa dos Estados com a saúde.
A par com o envelhecimento da população e aumento da incidência das doenças crónicas, o estudo aponta “o elevado custo dos novos medicamentos” como outro dos grandes desafios para os orçamentos da saúde, indicando que entre 2013 e 2014, o custo dos novos medicamentos mais do que duplicou, de 11,54 mil milhões de euros para 27,08 mil milhões de euros.
Um outro estudo internacional, intitulado “Valor dos Medicamentos Genéricos – Estudo de Economia da Saúde”, realizado pelo IGES Institut para a Medicines for Europe, também apresentado hoje no seminário, apresenta conclusões no mesmo sentido.
De acordo com esta investigação, a utilização de medicamentos genéricos permite tratar um número “consideravelmente maior” de doentes que sofrem de hipertensão mantendo os mesmos níveis de despesa, tratar o mesmo número de doentes com cancro da mama com menor despesa e tratar mais doentes que sofrem de depressão, com um ligeiro aumento na despesa.
Em termos de valor económico global, o mercado de genéricos é o principal fornecedor de medicamentos na Europa, permitindo a sustentabilidade dos orçamentos da saúde e representando um “contributo positivo para a economia europeia”, quer em termos de emprego, quer em termos de investimento, acrescenta o estudo.
A indústria dos medicamentos genéricos emprega mais de 160 mil pessoas na Europa e produz 56% dos medicamentos prescritos na Europa, sublinha Paulo Lilaia, presidente da APOGEN.
Segundo o responsável, “a apresentação destes dois estudos permite concluir, que os medicamentos genéricos trazem grandes benefícios para os doentes e para os Estados europeus, ao aumentarem o acesso dos doentes aos tratamentos e simultaneamente diminuírem a despesa dos Estados com Medicamentos”.
LUSA