16 Jan, 2018

Estudo revela terapia para maior proteção imunitária em caso de transplante de medula

Um estudo desenvolvido pelo Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) pode levar à criação de um novo tratamento que fornece maior proteção imunitária a doentes pediátricos que necessitam de transplante da medula óssea.

Esta descoberta surgiu a partir de um estudo, publicado recentemente na revista científica The Journal of Immunology, no qual os investigadores verificaram os efeitos da remoção da testosterona no rejuvenescimento do timo (órgão responsável pela criação e seleção de um grupo de glóbulos brancos, denominados linfócitos T), indicou o investigador do i3S Pedro Mendes.

Em declarações à Lusa, o primeiro autor do artigo contou que o timo é o órgão onde os linfócitos T (um grupo de glóbulos brancos) “são sujeitos a um treino e a um escrutínio tal que nos permite desenvolver defesas contra todos os agentes invasores e que garante que não se destrói nada que não seja estranho”.

Uma função deficiente dos linfócitos T pode resultar, por exemplo, em doenças autoimunes ou imunodeficiências progressivas.

De acordo com Pedro Mendes, o timo é um dos primeiros órgãos a “sofrer prematuramente os efeitos da idade”, com uma diminuição progressiva da produção de células T a partir dos dois anos de idade.

Embora essa situação “não seja particularmente grave”, o investigador indicou que, em pessoas idosas, a mesma pode provocar uma maior fertilidade de doenças autoimunes e até situações de cancro e infeção.

Há, por isso, “interesse em desenvolver novas terapias e métodos de rejuvenescimento do timo”, acrescentou.

Apesar de o ato de remover as hormonas sexuais masculinas (androgénios) ser conhecido há mais 100 anos, Pedro Mendes reconheceu que “ainda não se sabe muito bem quais os mecanismos de ação e de que modo é que atua”.

A equipa, liderada pelo investigador Nuno Alves, percebeu agora, através deste estudo, que o rejuvenescimento por remoção hormonas sexuais masculinas não depende apenas do timo em si, como se havia suposto ao longo do tempo.

Verificou ainda que há uma ligação “íntima” entre a qualidade da medula óssea (onde se formam os percursores das células do sangue, incluindo linfócitos T) e a capacidade regenerativa do timo.

Estas, sublinhou Pedro Mendes, abrem perspetivas terapêuticas para a utilização da castração temporária (química e reversível), como uma ferramenta para aumentar as defesas imunológicas em indivíduos mais jovens, que esperam por um transplante de medula óssea.

LUSA/SO

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais