18 Jan, 2017

Doentes obesos alertam Parlamento para os problemas que enfrentam no dia a dia

A Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal (ADEXO) vai alertar hoje, no parlamento, para os problemas que estes doentes enfrentam entre os quais os longos tempos de espera nas cirurgias

“Vamos entregar ao parlamento quatro propostas relacionadas com a obesidade e com a perda de direitos do doente obeso no caso dos seguros de vida para habitação”, disse à agência Lusa o presidente da ADEXO, Carlos Oliveira.

O presidente da associação disse que, “quando um doente obeso precisa de comprar casa, a seguradora não lhe dá seguro. Ele deixa de poder comprar a casa, porque ninguém lhe empresta dinheiro”.

Há também casos em que a seguradora agrava o seguro em entre 100% e 200%, denunciou Carlos Oliveira, que vai expor este problema aos deputados na Comissão de Saúde, na Assembleia da República.

Outra situação que a ADEXO pretende debater é o tempo de espera nas cirurgias para a obesidade, que constituem “a maior lista de espera do país”, com milhares de doentes à espera de serem operados.

Segundo Carlos Oliveira, a situação agravou-se quando em 2012 o governo da altura extinguiu o Programa de Tratamento Cirúrgico de Obesidade, criado em 2008.

O programa começou em 2010 e previa a realização de 2.500 cirurgias de tratamento da obesidade por ano nos 19 hospitais públicos e nos centros privados autorizados.

A interrupção do programa levou à diminuição do número de cirurgias, disse Carlos Oliveira, advertindo que “a situação da obesidade em Portugal está a agravar-se”,

“Com a crise e com a falta de dinheiro para comprar produtos saudáveis as pessoas deitam a mão ao ‘fast-food’ e a situação agrava-se”, lamentou.

Carlos Oliveira lembrou o anúncio feito pelo Ministério da Saúde, no Dia Mundial do Combate à Obesidade (11 de outubro), de que iria orçamentar 12 milhões de euros para diminuir as listas de espera.

Mas “aquilo que a gente sabe é que a ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde] está a ir junto dos hospitais dizer que quer reduzir os preços das cirurgias e os hospitais não aceitam”.

“Portanto, isto é tudo fogo de vista que não vai dar resultado nenhum”, disse Carlos Oliveira.

Em 11 de outubro, o Ministério da Saúde anunciou que irá avançar com um programa para reduzir as listas de espera nas cirurgias da obesidade e disponibilizar uma verba de 12 milhões de euros anuais para possibilitar a operação de cerca de dois mil doentes em 2017.

Serão abrangidas por este programa de financiamento específico as instituições reconhecidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) como centro de tratamento ou de elevada diferenciação para o tratamento cirúrgico da obesidade grave.

O programa determina que a avaliação do doente seja efetuada por uma equipa multidisciplinar num período não inferior a três anos.

Em Portugal, existem cerca de 3,5 milhões de pessoas com pré-obesidade e aproximadamente 1,4 milhões de pessoas com obesidade, entre os 18 e os 65 anos.

LUSA/SO

 

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