Dia Mundial da Hipertensão Arterial: um problema de saúde pública
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem atualmente mais de mil milhões de hipertensos em todo o mundo. Uma doença crónica, principal fator de risco de desenvolvimento de doença cardíaca, de onde sobressaem o enfarte agudo do miocárdio e os acidentes vasculares cerebrais (AVC), duas das principais causas de morte e invalidez a nível global. A necessidade em alertar a população para os perigos da hipertensão e para a necessidade de se adotarem medidas que previnam a doença levou a que, em 2013, a OMS declarasse o dia 17 de maio como Dia Mundial da Hipertensão
Em Portugal e de acordo com dados do estudo PHYSA, realizado em 2012, a hipertensão arterial (HTA) afeta 42,2% da população adulta (44,4% nos homens, 40,2% nas mulheres). Numa análise multivariada, o índice de massa corporal e a idade têm uma correlação independente com a prevalência de hipertensão, sendo que neste estudo cerca de metade dos indivíduos avaliados tinham sobrecarga ponderal ou obesidade, e a obesidade era o fator mais fortemente correlacionado com a hipertensão.
O consumo de sal da população portuguesa adulta, também foi analisado, através da excreção urinária de sódio nas 24 horas. Foi apurada, uma ingestão média de sal, de 10,7g/dia.
“A redução do consumo de sal implica a redução de todas as suas fontes alimentares, incluindo, por exemplo, os aditivos, tais como o glutamato monossódico e conservantes. A implementação de medidas específicas pressupõe uma abordagem multissectorial e interdisciplinar visando três áreas principais: a produção de alimentos, através do desenvolvimento de produtos e/ou refeições sem adição de sal ou com o menor teor de sódio possível; a garantia de que os itens alimentares mais saudáveis são a escolha mais fácil para o consumidor (por exemplo, através de um sistema de rotulagem clara de todos os alimentos processados e de refeições) e através da promoção da saúde e da educação do consumidor (em todos os grupos da população). Todas as estratégias e intervenções devem ser adaptadas às características do país e da sua população”, segundo Alejandro Santos, professor auxiliar da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e Carla Moura Pereira, coordenadora do Serviço de Nutrição e Dietética do Centro Hospitalar do Barreiro Montijo.
O panorama geral da hipertensão arterial
A hipertensão arterial é a principal causa do desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Em Portugal existem mais de dois milhões de hipertensos, sendo que apenas 50% sabem que sofrem da doença, 25% estão medicados e 11% têm a doença controlada.
Calcula-se que 18% das mortes (9,4 milhões) e 162 milhões de anos de vida perdidos a nível mundial, em 2010, se devam à hipertensão arterial e às suas consequências.
Estima-se que quatro em cada dez adultos com mais de 25 anos de idade sofrem de hipertensão, e em diversos países uma em cada cinco pessoas tem pré-hipertensão.
Em declarações ao SaúdeOnline, Ricardo Fontes-Carvalho, cardiologista no Centro Hospitalar de Gaia e professor na Faculdade de Medicina do Porto, alerta para o facto a HTA ser um problema de saúde pública que ainda não está completamente controlado.
“A hipertensão arterial é um problema de saúde pública em Portugal e no mundo. Porque de todos os fatores de risco, é aquele que mais contribui para a mortalidade a nível mundial.
Sabemos que cerca de 42% dos portugueses têm hipertensão arterial, uma percentagem enorme. Mas, ainda mais importante do que isso existe um grande número de doentes que não tem a doença diagnosticada. E mesmo aqueles que têm, nem sempre a mantêm controlada, o que faz com que as taxas de controlo ainda sejam bastante baixas”.
Por outro lado, o médico ressalta que “nos últimos cinco anos as taxas de controlo cresceram de 11% para cerca de 42%. Se formos otimistas podemos ver este crescimento como algo positivo”.
As alterações no estilo de vida podem reduzir a pressão arterial, por exemplo, através da redução da ingestão de sal, prática de uma dieta em frutas e legumes, exercício físico e um peso corporal saudável.
As Nações Unidas concordaram com o objetivo de diminuir a hipertensão em 25% e o sódio na dieta em 30% até 2025.
Portuguese Hypertension and Salt Study (PHYSA)
SO/CS