3 Ago, 2017

Cientistas descobrem que medicamento para a artrite pode tratar cancro de sangue

Pacientes com cancro  de sangue poderiam ser tratados com um medicamento simples indicado no tratamento da artrite, descobriram cientistas da Universidade de Sheffield.

Todos os anos, no Reino Unido, são diagnosticados cerca de 3 mil novos casos de policitemia vera (também conhecida por policitemia rubra vera), um distúrbio das células produtoras de sangue da medula óssea que resulta na superprodução de glóbulos vermelhos.

A causa é frequentemente desconhecida, porém mais de 95% das pessoas com policitemia vera apresentam uma mutação no gene chamado JAK2. Essa mutação causa produção em excesso de células. As células sanguíneas normalmente são produzidas na medula óssea. Às vezes, o baço e o fígado também começam a produzir células sanguíneas. Eventualmente, a medula óssea pode apresentar tecido cicatricial e se tornar menos capaz de produzir células sanguíneas.

OS tratamentos atualmente disponíveis não só não travam a progressão da doença, como também não aliviam os sintomas que lhe estão associados, como fraqueza, cansaço, dor de cabeça, tonturas, falta de ar e suores noturnos.

Uma realidade que está prestes a sr alterada. Martin Zeidler, investigador do Departamento de Ciências Biomédicas da Unidersidade de Sheffield’s, no REino Unido, em conjunto com colegas do Departamento de Hematologia Do Royal Hallamshire Hospital, financiados pelo Medical Research Council (MRC) descobriram que a o Metotrexato (MTX) um dos medicamentos mais eficazes para o tratamento dos casos de Artrite Idiopática Juvenis (AIJ) poliarticulares (isto é, com 5 ou mais articulações atingidas), classificado pela OMS como 2Medicamento Essencial” é eficaz no tratamento da policitemia vera, inibindo diretamente a via molecular responsável pela doença.

Os testes iniciais foram realizados em células de moscas da fruta para detectar pequenas moléculas que modulam a sinalização JAK / STAT – uma via de sinalização cuja má administração é fundamental para o desenvolvimento em humanos de neoplasias mieloproliferativas (MPNs), o termo geral  para cancro de sangue progressivo como a  policitemia vera.

Testes adicionais em células humanas mostraram que o metotrexato atua como um potente supressor da ativação da via JAK / STAT – mesmo em células que transportam o gene mutado responsável pelas MPN em pacientes.

Martin Zeidler afirma que os testes mais recentes em ratos foram inteiramente consistentes com os estudos baseados em células.

Os testes mostraram que a MTX de baixa dose inibe a atividade da via JAK / STAT e é capaz de normalizar a contagem sanguínea elevada e o aumento do tamanho do baço associado à doença em ratos.

“Mostrámos agora, de forma bastante conclusiva, que podemos usar essa abordagem para tratar modelos animais de MPNs humanas, resultados que proporcionam uma perspectiva muito mais tangível de sucesso em seres humanos”, disse Martin Zeidler, que acrescentou: “a reformulação do MTX tem o potencial de fornecer um novo tratamento molecularmente direcionado para pacientes com MPN a um preço comportável pelos sistemas de saúde em todo o mundo – um desenvolvimento que pode, em última análise, fornecer benefícios económicos e clínicos substanciais”.

O MTX tem sido usado há mais de 35 anos para tratar doenças inflamatórias, incluindo artrite reumatóide, doença de Crohn e psoríase. Embora os mecanismos pelos quais o MTX atue nessas doenças não tenham sido previamente entendidos, a segurança e eficácia do MTX está bem documentada e muitos milhões de pacientes tomam regularmente o medicamento. Surpreendentemente, doenças como a artrite reumatóide apresentam processos inflamatórios conduzidos pela atividade JAK / STAT e a eficácia do MTX nestas doenças inflamatórias pode ser uma consequência da sua capacidade de amortecer a via JAK / STAT, explicam os investigadores.

A equipe agora espera avançar com um ensaio clínico completo no início do próximo ano.

SO/MMM

Informação Bibliográfica:
The research paper Low-dose methotrexate in myeloproliferative neoplasm models was published in Haematologica, the journal of the European Hematology Association and the Ferrata Storti Foundation.

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais