Lèlita Santos, autor em Saúde Online https://saudeonline.pt/author/lelita-santossaudeonline-pt/ Notícias sobre saúde Tue, 09 Jan 2024 11:43:53 +0000 pt-PT hourly 1 https://saudeonline.pt/wp-content/uploads/2018/12/cropped-indentity-32x32.png Lèlita Santos, autor em Saúde Online https://saudeonline.pt/author/lelita-santossaudeonline-pt/ 32 32 Compromisso dos Internistas Portugueses para 2024 https://saudeonline.pt/compromisso-dos-internistas-portugueses-para-2024/ https://saudeonline.pt/compromisso-dos-internistas-portugueses-para-2024/#respond Mon, 08 Jan 2024 10:10:27 +0000 https://saudeonline.pt/?p=153494 Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

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Como é tradicional, todos, na passagem do calendário para um novo ano, fazemos o balanço do que se passou antes e formulamos os nossos desejos, quer pessoais quer profissionais, para o próximo ano. A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e o conjunto dos Internistas do país não são exceção e querem, sobretudo, mudar.

O final do ano de 2023 e o início de 2024 foram duros para a população, para o SNS no geral e para a Medicina Interna em particular. Sabemos que tudo está em mudança e há necessidade de inovar e trilhar caminhos seguros.

Os médicos têm apontado as múltiplas desconformidades do sistema, de que são exemplos a relevância dos novos objetivos e prioridades da classe médica face à profissão, com foco nos horários e condições de trabalho; a constituição de pequenos núcleos sem comunicação entre si em que o sistema de saúde se tem transformado, fragilizando o SNS pois o ambulatório tem ficado em segundo plano e o serviço de urgência é a porta principal de acesso para os doentes, neste caso uma urgência hospitalar suportada pela Medicina Interna e pelas horas extraordinárias que os médicos têm de cumprir; a falta crónica de recursos humanos a todos os níveis assistenciais e em todos os grupos dos profissionais de saúde sabendo-se que, no que diz respeito aos médicos, isso condiciona o excesso de horas de trabalho; a falta de reconhecimento aos profissionais; as tarefas não clínicas como fonte de desgaste e desmotivação; a escassez de recursos tecnológicos no SNS em que muitos hospitais possuem equipamentos já obsoletos ou degradados e, nos cuidados primários, a impossibilidade de recorrer a meios complementares de diagnóstico em tempo útil; sistemas informáticos lentos e de difícil operacionalidade entre si e, sobretudo, a falta de visão para o futuro por parte das tutelas e mesmo de alguns órgãos dirigentes dos diversos grupos de profissionais de saúde, com a ausência de planificação a médio e longo prazo. A tónica tem sido resolver os problemas por reação, sem os antecipar e planear estratégias.

Os Internistas estão ao lado dos seus doentes e continuam a gostar da sua profissão e da sua especialidade embora estejam desanimados por não vislumbrarem a vontade de mudança.

No mês de dezembro de 2023, mês em que se comemora sempre o “mês da medicina interna”, a SPMI celebrou os seus 72 anos. Trinta e um Internistas, ao longo dos 31 dias desse mês, expressaram o que sentem que é a sua especialidade. Não houve uma única expressão de desalento. Todos manifestaram a sua alegria por serem internistas, apesar das adversidades que, afinal, se podem transformar em desafios. Todos convergiram, com frases de que se extraem alguns excertos como realçando a exigência, a necessidade de dedicação mas, também, o quanto esta especialidade é gratificante, versátil e uma “arte” porque utiliza o raciocínio clínico na sua maior abrangência, junta as peças para dar sentido aos problemas clínicos e humanos, olha a plenitude multiorgânica, exerce em equipa como maestro da complexidade e consegue surpreender cada um todos os dias apesar da muita responsabilidade e do desafio de ser, realmente, o internista, o médico completo.

O nosso maior desejo é que o SNS encontre o seu rumo e persiga objetivos concretos centrados nos doentes. Continuamos, como no ano passado, com esperança de mudanças estruturais na Saúde, esperança na recuperação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, mais importante, esperança de melhoria da qualidade assistencial à população com melhor acesso aos cuidados.

Os internistas mantêm o seu compromisso de estar presentes para colaborar na recuperação do SNS e no apoio à comunidade.

A SPMI deseja a todos um excelente Ano Novo!

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Contribuir para um sistema de saúde ágil e moderno https://saudeonline.pt/contribuir-para-um-sistema-de-saude-agil-e-moderno/ https://saudeonline.pt/contribuir-para-um-sistema-de-saude-agil-e-moderno/#respond Wed, 04 Jan 2023 09:21:46 +0000 https://saudeonline.pt/?p=139131 O ano de 2022 foi de muitas esperanças e desilusões.  A esperança mais concreta foi a do fim da pandemia Covid-19. Tivemos ainda a esperança de mudanças estruturais na Saúde, a esperança na recuperação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, mais importante, a esperança de melhoria da qualidade assistencial à população com melhor acesso [...]

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O ano de 2022 foi de muitas esperanças e desilusões.  A esperança mais concreta foi a do fim da pandemia Covid-19. Tivemos ainda a esperança de mudanças estruturais na Saúde, a esperança na recuperação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, mais importante, a esperança de melhoria da qualidade assistencial à população com melhor acesso aos cuidados. Afinal, não se deu a recuperação do SNS e foram muito visíveis e mediáticas as dificuldades estruturais e na organização do SNS com alguns serviços de urgência fechados, outros com muitas horas de espera para atendimento e longas filas para marcações de consultas nos Centros de Saúde.

Durante o ano de 2022 foram reconhecidas e discutidas as fragilidades do SNS que, aliás, já estavam bem diagnosticadas e apenas aguardavam e aguardam o devido tratamento. É bem conhecida uma das dificuldades mais graves, a falta de recursos humanos a todos os níveis assistenciais e em todos os grupos dos profissionais de saúde e sabe-se que, no que diz respeito aos médicos, isso condiciona o excesso de horas de trabalho, somado à falta de reconhecimento que inclui a baixa remuneração, às tarefas não clínicas que os desgastam, à falta de equipamento moderno e à organização deficitária do sistema. Estas situações conduzem a desmotivação, desanimo e cansaço, culminando na tão falada falta de atratividade da profissão, ou será do SNS?

A especialidade de Medicina Interna, é a especialidade médica mais versátil e aquela que possui a capacidade de visão integradora e global centrada no doente. É uma especialidade eminentemente hospitalar e a que melhor consegue agregar e gerir equipas multidisciplinares e multiprofissionais, mas é também, por isso, uma das que mais sente todas estas dificuldades.

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) é uma sociedade científica com um longo percurso de 71 anos. Tem atualmente cerca de 3 mil associados com vontade de, no ano de 2023, contribuir para que o SNS se reorganize e saiba atrair os seus profissionais e dar-lhes estabilidade e condições de trabalho. Como resultado final, o que de bom for feito, vai sempre melhorar as condições assistenciais e a saúde dos portugueses. O nosso foco é contribuir no avanço para um sistema de saúde ágil e moderno.

Os internistas têm feito propostas para a organização do SNS e têm dado corpo a novas formas de exercer medicina, sempre no sentido da proximidade e da disponibilidade assistencial. Todos sabemos que as respostas têm de ser integradas entre hospitais, cuidados primários e setor social e que os serviços de saúde devem ter mais autonomia, por exemplo, para a contratação de profissionais e também para se reorganizarem após a pandemia.

Esperamos que o ano de 2023 seja, para o SNS, o ano da verdadeira retoma. Todos podemos ajudar com propostas concretas e realistas. Os internistas estarão, como sempre, presentes.

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Dezembro, mês da Medicina Interna https://saudeonline.pt/dezembro-mes-da-medicina-interna/ https://saudeonline.pt/dezembro-mes-da-medicina-interna/#respond Tue, 14 Dec 2021 13:04:45 +0000 https://saudeonline.pt/?p=125370 Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

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Uma vez mais a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) assinala o mês de dezembro como o mês da Medicina Interna, sendo que, neste ano de 2021, no dia 14 de dezembro, comemora também o seu 70º aniversário. O objetivo, neste mês, é destacar a importância desta especialidade médica no contexto hospitalar e no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A SPMI é uma sociedade científica com intensa atividade e a maior do país, com mais de 3000 associados e mais de 1000 jovens médicos em formação.

A SPMI tem 21 Núcleos de Estudo e um Centro de Formação certificado. Os Núcleos de Estudo organizam cursos de formação e atualização e sessões científicas, desenvolvem apoios e colaborações com associações de doentes e elaboram orientações clínicas e projetos de investigação científica com altos padrões de excelência.

A Medicina Interna é a especialidade fulcral do Serviço Nacional de Saúde no hospital, correspondendo a cerca de 14% do total dos especialistas hospitalares. Muitos internistas são líderes de opinião em várias áreas do conhecimento médico a que se dedicam. A Medicina Interna é composta por profissionais competentes, que exercem as suas funções assistenciais em áreas muito diversas, sem esquecer a capacidade da visão global e versátil do doente que os distingue dos especialistas de órgão. Este modelo de exercício da Medicina Interna é motivo de orgulho para a medicina portuguesa e um exemplo da mais-valia da especialidade.

Os serviços de Medicina Interna são responsáveis por 42 por cento das altas médicas hospitalares o que corresponde a 23 por cento do total do SNS. Nos serviços de Medicina Interna são internados 70 por cento dos doentes com AVC, 80 por cento dos que têm insuficiência cardíaca, pneumonias, DPOC e Lúpus e 31% dos doentes com diabetes.

O mês de dezembro é um período de muito trabalho para a Medicina Interna. É neste mês que se nota um maior aumento da afluência de doentes aos Serviços de Urgência e as necessidades de internamento nas enfermarias também sobem, sobretudo nos Serviços de Medicina Interna. Os doentes com patologias agudas ou crónicas descompensadas recorrem mais ao Serviço de Urgência do hospital, onde são atendidos pelos internistas que diagnosticam e tratam os doentes complexos, polimedicados e com multimorbilidades. Os doentes precisam de tratar a doença aguda, mas, também, do adequado enquadramento desta com as outras patologias coexistentes.

Neste último ano de pandemia, a Medicina Interna demonstrou ser uma especialidade essencial na resposta hospitalar aos doentes Covid e, os internistas, contribuíram mais uma vez, com o seu desempenho, para o prestígio da Medicina Interna. Foi bem evidente o seu papel decisivo para que fosse evitada a rutura do SNS. Os Internistas trataram a maioria dos doentes COVID de grau moderado a grave nos Serviços de Urgência, nas Enfermarias, nos Cuidados Intermédios e, em vários casos, nos Cuidados Intensivos. Também coordenaram e organizaram equipas, tirando partido da sua experiência como especialistas centrados nas necessidades globais do doente e agregadores da multidisciplinaridade com outras especialidades. Adivinham-se já as próximas dificuldades dada a evolução da pandemia, mas os médicos de Medicina Interna, como sempre, estarão presentes, continuando a diagnosticar e a tratar com segurança os doentes que necessitem dos seus cuidados.

Os Internistas, cumprindo a sua vocação, conseguem trabalhar com qualidade em vários cenários. Estão presentes no internamento hospitalar e domiciliário, na urgência, nos cuidados intensivos, nos cuidados Intermédios, na consulta, no hospital de dia, nos cuidados paliativos. Certamente que os doentes sabem quem é o seu internista!

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Pandemia agravou número de diabéticos não diagnosticados https://saudeonline.pt/pandemia-agravou-numero-de-diabeticos-nao-diagnosticados/ https://saudeonline.pt/pandemia-agravou-numero-de-diabeticos-nao-diagnosticados/#respond Mon, 15 Nov 2021 12:21:42 +0000 https://saudeonline.pt/?p=123865 Especialista de Medicina Interna e Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

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O Dia Mundial da Diabetes é assinalado, anualmente, a 14 de novembro. Tem como objetivo alertar os cidadãos e os governos para o problema da diabetes que é a doença não transmissível mais frequente, apresentando uma prevalência elevada e uma incidência cada vez maior. Atingia em 2019 cerca de 463 milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que em 2045 existam 700 milhões de pessoas afetadas pela doença.

Estes números são devidos, sobretudo, aos hábitos sedentários e à má alimentação, sendo a obesidade uma das causas mais associadas a esta patologia.

Portugal é, de entre os países europeus, aquele que regista uma das mais elevadas taxas de prevalência da Diabetes, sendo que cerca de 13,3% da população portuguesa entre os 20 e os 79 anos de idade tem diabetes, o que corresponde a mais de um milhão de indivíduos, de acordo com os últimos dados do Observatório Nacional da Diabetes. O mais grave ainda, é que existem muitos diabéticos que desconhecem que o são, o que vai condicionar o aparecimento de complicações da doença não controlada, aumentando o risco de morte prematura e diminuindo a qualidade de vida.

Atualmente, não existem números muito recentes sobre a diabetes, mas é expectável que a crise de saúde pública devida à pandemia COVID-19 tenha agravado o número de casos de diabéticos não diagnosticados. Estima-se que, em Portugal, cerca de 20 mil pessoas possam não ter tido acesso às condições para um diagnóstico precoce da patologia.

Igualmente e de acordo com o Relatório Anual de Acesso a Cuidados de Saúde nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas 2020, não só houve menos novos casos de diabetes diagnosticados, mas, também, diminuição no rastreio da retinopatia diabética e redução nas consultas do pé diabético.

Também é preocupante que neste período, o número de internamentos por condições agudas da diabetes tenha aumentado e que milhares de consultas e tratamentos tenham sido adiados, o que, a médio e longo prazo, poderá ter consequências graves na saúde dos doentes.

Percebendo a dificuldade de acesso dos doentes aos cuidados de saúde durante a pandemia, foi criado um serviço de linha telefónica pelo Núcleo de Diabetes Mellitus da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), com o objetivo de proporcionar informações sobre “Covid-19 e Diabetes”. Este serviço foi muito útil no apoio às pessoas com diabetes e recebeu, só num espaço de dois meses, mais de 500 telefonemas de cuidadores, familiares e doentes com diabetes.

Assim, é bem apropriado o tema escolhido pela Federação Internacional da Diabetes para comemorar o Dia Mundial da Diabetes no período 2021-2023 que foca o acesso aos cuidados para a diabetes pois, mesmo sem a pandemia, ainda existem milhões de pessoas no mundo que não têm os cuidados de saúde que necessitam.

Este ano, o Dia Mundial da diabetes é ainda mais simbólico, pois associa-se à comemoração dos 100 anos da descoberta da insulina, que surgiu da investigação conjunto de Frederick Banting e Charles Best, em 1921.

É não só fundamental proporcionar às populações o acesso fácil aos cuidados de saúde, mas, também, ter os meios para que a diabetes seja diagnosticada e tratada precocemente. A sua prevenção tem por base as campanhas de sensibilização e de prevenção junto das populações, fornecendo as ferramentas para as alterações ao estilo de vida, com o objetivo de atingir e manter um peso saudável, uma atividade física adequada e uma dieta equilibrada que evite os açúcares e as gorduras saturadas. Estas medidas podem ser muito eficazes na prevenção a diabetes tipo 2 e no atraso no aparecimento das suas complicações.

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As mulheres têm sido líderes eficazes no combate à pandemia https://saudeonline.pt/as-mulheres-tem-sido-lideres-eficazes-no-combate-a-pandemia/ https://saudeonline.pt/as-mulheres-tem-sido-lideres-eficazes-no-combate-a-pandemia/#respond Mon, 08 Mar 2021 15:55:53 +0000 https://saudeonline.pt/?p=108483 Especialista de Medicina Interna,
Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

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O Dia Internacional da Mulher é comemorado a 8 de março. Reconhecido desde 1977 pela Organização das Nações Unidas, celebra as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres ao longo dos anos e a luta contra a descriminação racial, sexual, política, cultural ou económica, entre outras.

Este ano, o tema do Dia Internacional da Mulher é “Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual num mundo de COVID-19 ”. É um facto que as mulheres têm estado na linha de frente nos diversos níveis da luta contra esta pandemia, como profissionais de saúde, cuidadoras, empreendedoras e coordenadoras. Neste combate à pandemia muitas mulheres têm sido as líderes mais eficazes. Aliás, ao longo dos séculos, em situações de crise, as mulheres sempre estiveram na 1ª linha dos combates, dando o seu contributo de forma marcante e corajosa.

Em várias áreas, as mulheres conquistaram o seu lugar em paridade de género. No entanto, noutras, mesmo na atualidade, continuam a lutar todos os dias para melhorar a vida e alcançar os seus direitos. Existem, a vários níveis e em algumas regiões do Mundo, preconceitos que condicionam desequilíbrios inadmissíveis e temos de ter consciência de que  ainda há muito a fazer. Estes desequilíbrios agravaram-se com a pandemia em todo o mundo e mais para as mulheres, registando-se o aumento do desemprego e da pobreza, da violência doméstica e das tarefas de apoio não remuneradas.

Na medicina, as mulheres trabalham em perfeita paridade com os homens e isso deve-se ao reconhecimento da sua igual capacidade técnica e científica e da enorme capacidade de trabalho e motivação. Acresce, convenhamos, as qualidades humanísticas. Em medicina, como em qualquer outra profissão,  um dos ingredientes-chave para o sucesso é a pluralidade e o trabalho em equipa e isso existe atualmente sem entraves objetivos.

É curioso analisar a evolução dos números relativos à representatividade das mulheres na medicina portuguesa – já há mais médicas! De acordo com dados do INE, em 1999, havia 31.735 médicos, dos quais 44,2% eram mulheres, passados 20 anos, em 2019, de um total de 51.937 médicos, 54,7% eram mulheres. Na minha especialidade, a Medicina Interna, em 2020 as médicas eram cerca de 55%. Muitas destas médicas lideram grandes instituições de saúde, serviços reconhecidos ou áreas de investigação e são respeitadas pelos seus pares pela sua competência, capacidades organizativas e agregadoras e pelo pragmatismo. Também não se apercebe qualquer diferença no reconhecimento pelos utentes e doentes relativamente às suas médicas, reconhecem-lhes as capacidades científica, clínica e a dedicação.

Salvo raríssimas exceções não se notam barreiras no ambiente de trabalho ou à progressão na carreira médica, para as mulheres. Claro que, como para todos, homem ou mulher, a prioridade está em terem mais além de um trabalho gratificante e, por isso, as organizações têm de garantir o reconhecimento desse trabalho. Devem ser valorizados aspetos relacionados com a flexibilidade laboral, medidas mais atraentes de conciliação da vida pessoal com a profissional, horários flexíveis, ambiente colaborativo e de trabalho em equipa e tempo para expressar opiniões livremente, além de remunerações à altura das exigências de responsabilidade e dedicação que é ser médico.

A profissão médica é exigente e a conciliação com a responsabilidade familiar, por vezes é difícil e mais pesada para as médicas. No entanto, gradualmente, o princípio da paridade impôs-se e as mulheres conseguiram demonstrar, sem constrangimentos de consciência, que há grande vantagem para ambos os géneros na partilha das tarefas familiares e profissionais, respeitando as especificidades de cada elemento. Hoje em dia, as atividades em equipa num ambiente de respeito pela liberdade individual são o paradigma, no trabalho e na família.

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A Medicina Interna não trata o doente apenas: respeita-o https://saudeonline.pt/a-medicina-interna-nao-trata-o-doente-apenas-respeita-o/ https://saudeonline.pt/a-medicina-interna-nao-trata-o-doente-apenas-respeita-o/#respond Fri, 08 Feb 2019 14:55:53 +0000 https://saudeonline.pt/?p=67561 Dia Mundial do Doente - 11 de Fevereiro O Dia Mundial do Doente foi instituído com o intuito “de apelar à humanidade para que seja promovido um serviço de maior atenção à pessoa doente”. A especialidade de Medicina Interna serve bem este objetivo. O internista é, no hospital, o verdadeiro gestor do doente, atendendo os [...]

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Dia Mundial do Doente – 11 de Fevereiro

O Dia Mundial do Doente foi instituído com o intuito “de apelar à humanidade para que seja promovido um serviço de maior atenção à pessoa doente”.

A especialidade de Medicina Interna serve bem este objetivo. O internista é, no hospital, o verdadeiro gestor do doente, atendendo os doentes complexos na sua dimensão global. Trata-se, basicamente, do “maestro” da orquestra em dois sentidos, porque não olha apenas o “órgão”, mas faz a abordagem global de todos os órgãos e sistemas e, por isso, vê a pessoa como um todo e consegue conjugar as opiniões e orientações das diversas especialidades, integrando-as naquele doente concreto. Com esta abordagem, necessariamente, é o médico mais vocacionado para também dar a palavra amiga, atentar nas necessidades da família e do doente, colocando-o no centro da sua atenção e no centro do sistema de saúde, lutando por modelos de organização que privilegiem o tratamento integral do doente, daquele doente.

Nos tempos atuais, os doentes são cada vez mais complexos, portadores de múltiplas doenças crónicas e, portanto, mais sujeitos a descompensação. A Medicina Interna está na primeira linha do atendimento destes doentes no hospital, pois é a maior especialidade médica hospitalar, com 2.600 especialistas inscritos na Ordem dos Médicos. Os serviços de Medicina Interna são responsáveis por 43 por cento de todas as altas hospitalares, 70 por cento dos AVC’s internados, 80 por cento das insuficiências cardíacas, doenças pulmonares obstrutivas crónicas, pneumonias e lupus, e 30 por cento dos doentes diabéticos internados nestes serviços.

Os médicos de Medicina Interna estão presentes em todos os hospitais do país. O internista está onde o doente precisa dele, nos internamentos hospitalares ou no domicílio, nas consultas, no serviço de urgência, na emergência, na consultadoria ao doente internado nos serviços de especialidades médicas e cirúrgicas, nos cuidados continuados, nos cuidados intensivos ou intermédios, nos hospitais de dia ou nos cuidados paliativos.

Quer naqueles com doença crónica, quer na circunstância de uma patologia aguda, os doentes devem ter uma resposta contínua, integrada, preventiva, centrada. Por isso, o modelo atual de organização hospitalar, quase sempre espartilhado por órgãos ou sistemas, é inadequado. Os doentes deveriam ser admitidos em departamentos geridos pela Medicina Interna, que coordenaria a intervenção das outras especialidades.

Exemplo dos doentes que tipicamente o internista cuida são os idosos, com as suas patologias crónicas que, muitas vezes, mantêm um equilíbrio ténue. É aquele doente que tem insuficiência cardíaca e doença pulmonar crónica, pode até estar equilibrado da sua diabetes, mas que fica com gripe, o que basta para que tudo se desequilibre. Além disso, tem uma história de quedas frequentes: será que fez algum traumatismo; a pressão arterial está muito baixa; toma a medicação prescrita; estará polimedicado? A somar, sabe-se também que existem dificuldades económicas, está desnutrido, vive sozinho e está deprimido e um pouco desorientado. A tudo isso o internista tem de estar atento, quer saber e vai querer resolver. A seguir vai selecionar as melhores terapêuticas, individualizadas para aquela pessoa e que lhe poderão permitir uma melhor qualidade de vida e a manutenção do seu estado funcional, sustentadas no respeito das preferências de cada doente.

Outro exemplo é um doente mais jovem, que tem dores nas articulações, que se sente cansado, tem anemia, tem tido mais infeções do que seria normal, tem alterações na pele, umas “manchas”, “alergias”, está ansioso porque não sabe o que tem, mas sente-se mal. Fez alguns exames e já consultou vários especialistas, mas continua sem perceber o que se passa. Igualmente aqui o internista pode juntar todas as “peças” e diagnosticar, talvez uma doença autoimune sistémica. Neste doente também haverá necessidade de atender todos os aspetos da doença, incluindo os psicológicos, familiares e sociais. Com este doente, como com todos os outros, serão discutidas as opções terapêuticas, ouvidas com atenção as preocupações, ainda que muitas vezes os constrangimentos económicos dificultem as escolhas terapêuticas ou as pressões de tempo atrapalhem estes momentos de comunicação e de fortalecimento da relação médico-doente, tão necessários à confiança e contribuindo para um melhor êxito do tratamento.

Os internistas tratam o doente e respeitam o conceito de saúde na definição da Organização Mundial de Saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente ausência de afeções e enfermidades”. Olham a pessoa na sua globalidade e diversidade. Por isso, o internista continuará a ser, sem dúvida, a base confiável do Serviço Nacional de Saúde no hospital, mantendo o seu paradigma do conhecimento profundo e científico das doenças, aliando competência a cada vez mais conhecimento.

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