25 Out, 2016

Associação de Surdos do Porto sem dinheiro para reparar instalações cedidas pela câmara

A Associação de Surdos do Porto (ASP) precisa de 200 mil euros para recuperar instalações que lhe foram cedidas pela Câmara Municipal na freguesia de Paranhos

A Associação de Surdos do Porto (ASP) precisa de 200 mil euros para recuperar instalações que lhe foram cedidas pela Câmara Municipal na freguesia de Paranhos, disse o responsável da instituição Armando Baltazar.

Fundada em 1995, a instituição é gerida desde abril por uma comissão provisória e debate-se com o facto de ter recebido da autarquia uma casa que não consegue utilizar por falta de dinheiro para as reparações imprescindíveis.

“Se, como tentámos há cinco ou seis anos, o anterior presidente da Câmara do Porto [de então] nos tivesse cedido a casa, o investimento estimado em obras andaria à volta dos 75 mil euros. A verdade é que hoje, por causa do vandalismo a que foi sujeita, esse valor quase que triplicou”, lamentou Armando Baltazar.

Segundo aquele responsável, o elenco então liderado por Rui Rio “propôs à associação a venda por 50 mil euros” da casa. Já no atual mandato autárquico, sob gestão de Rui Moreira, o imóvel passou para a alçada da ASP “durante 20 anos e sob o estatuto de interesse público”.

O imóvel em causa situa-se na rua Delfim Maia, zona de Paranhos, tem uma área de construção de cerca de 400 metros quadrados e mais cerca de dois mil metros quadrados de área exterior. Está sob responsabilidade da ASP desde 2015 e, conforme disse Armando Baltazar, “teve já um investimento da anterior direção de cerca de 28 mil euros para reparar o telhado”.

Com cerca de 800 associados, “mas cujo número com as quotas em dia tem vindo a diminuir devido à crise que atinge as famílias”, a ASP debate-se com “muitas dificuldades financeiras” para dar resposta a “muitas solicitações, parte delas vindas de fora do seu raio da ação”.

“Apesar da nossa área de intervenção ser a região do Porto, a verdade é que prestamos auxílio a uma região norte onde, segundo o censo de 2011, há cerca de 20 mil surdos profundos que utilizam a língua gestual portuguesa como forma de comunicação”, sublinhou Armado Baltazar, também ele portador de surdez.

Há 50 anos a “lutar pela melhoria das condições dos surdos em Portugal”, Armando Baltazar aprendeu que “não se deve desistir de nada” e depois e já ter falado “com a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, e com o diretor do Instituto da Segurança Social do Porto” sobre o financiamento da casa em Paranhos, vai voltar a “bater à porta” da câmara municipal.

“Queremos candidatar-nos ao Portugal 2020 mas, para isso, teríamos de ser donos da propriedade. Daí a necessidade da câmara ser nossa parceira”, explicou aquele responsável.

Numa associação que presta “auxílio para intérpretes, apoio psicológico e jurídico”, a formação profissional tem sido uma “área sempre presente na ASP”, ainda que a atualidade mostre que o “esforço de formação de cidadãos portadores desta deficiência fique aquém do desejado”.

“Há 20/25 anos colocávamos por ano, 10, 15 ou 20 funcionários. Tínhamos empresas que nos contactavam a pedir trabalhadores. Em 2015 colocámos três e em este ano apenas dois?”, lamentou Armando Baltazar, que revelou terem em 2016 “40 inscritos na formação profissional”.

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