APDP de olhos postos na retinopatia diabética

Um em cada dois adultos com retinopatia diabética está por diagnosticar e este diagnóstico precoce, bem como o tratamento atempado, podem prevenir a perda de visão

Mais de 415 milhões de pessoas vivem atualmente com diabetes, uma das principais causas de cegueira na população mundial. Um em cada dois adultos com retinopatia diabética está por diagnosticar e este diagnóstico precoce, bem como o tratamento atempado, podem prevenir a perda de visão.

Um problema que leva a que a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), no seguimento do que tem vindo a fazer pelo país, assinale o Dia Mundial da Diabetes com acções de sensibilização e rastreio da retinopatina diabética. Hoje, técnicos da APDP vão estar na Praça Luis de Camões, em Lisboa, a avaliar os olhos de pessoas com diabetes, número que ultrapassa, em Portugal, um milhão.

No centro das atenções da APDP, a importância de diagnosticar precocemente esta manifestação oftalmológica da diabetes, que constitui uma das principais causas de perda grave de visão a nível mundial. Na causa da retinopatia diabética, que é umas das mais graves complicações crónicas da diabetes, está o aumento dos níveis de açúcar no sangue, que provoca alterações nos pequenos vasos sanguíneos da retina, no interior do olho.

O primeiro estudo epidemiológico no país sobre a retinopatia diabética, realizado por especialistas da APDP, examinou recentemente mais de 52 mil pessoas com diabetes e concluiu que 16,3% sofrem da doença que é a principal causa de cegueira (evitável) na população ativa. O RETINODIAB foi implementado entre Julho de 2009 e Dezembro de 2014 em pessoas com diabetes tipo 2 após 5 anos de seguimento e compreende a área geográfica de Lisboa e Vale do Tejo, onde a APDP realiza rastreios anuais.

Os dados aferidos neste estudo, com base num total de 109 543 retinografias classificáveis, demostram que a duração da diabetes, a idade em diagnóstico e tratamento de insulina estão associados ao aumento do risco de prevalência, incidência e progressão da RD. Os resultados permitem perceber a necessidade de generalizar os rastreios por todo o país, de forma a contribuir para baixar em 30% o número de casos de cegueira por diabetes, conforme sugerido na Declaração de St. Vincent, uma declaração que Portugal assinou em 1989, comprometendo-se a atingir os objetivos de reduzir as principais complicações da diabetes: cegueira, amputações major dos membros inferiores, insuficiência renal terminal e doença coronária.

“Seria uma grande mais-valia que o Ministério da Saúde alargasse a colaboração que tem com a APDP para ampliar o rastreio à população a nível nacional. A APDP é a única entidade certificada no rastreio da retinopatia diabética por telemedicina, um processo iniciado com a ARSLVT há 6 anos. Recordo que em Portugal há um milhão de pessoas com diabetes, mas apenas 10 ou 15% das 700 mil que se encontram em tratamento têm acesso ao programa de rastreio da retinopatia diabética”, refere João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP.

“Hábitos de vida saudável são o pilar de prevenção da diabetes. Estes hábitos, associados ao tratamento precoce e adequado da diabetes permitem travar o aparecimento e a progressão da retinopatia diabética, pelo que é fundamental reforçar o alerta na população. Há dois milhões de pessoas que podem evitar vir a ter diabetes: pessoas que têm excesso de peso, vida sedentária, hipertensão arterial, pessoas com diabetes na família. É imperativo que estas pessoas sejam identificadas, com o intuito de travar a diabetes, a incidência de complicações graves, e os custos económicos associados”, acrescenta.

SO/MMM

 

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