22 Mar, 2017

Álcool e tabaco estão associados ao aumento da incidência da tuberculose

A investigadora Raquel Duarte disse hoje, no Porto, que o álcool e o tabaco estão associados ao aumento da incidência da tuberculose e a um pior resultado do tratamento

No âmbito de um seminário intitulado “Tuberculose, Álcool e Tabaco: Ligações Perigosas”, organizado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), Raquel Duarte afirmou que a tuberculose tem vindo a diminuir lentamente ao longo do tempo, situando-se abaixo dos 20 casos por 100 mil habitantes.

“A tuberculose tem vindo a diminuir, mas não tem vindo a diminuir ao ritmo que nós gostaríamos ou que queríamos de forma a atingir os objetivos da Organização Mundial de Saúde (OMS)”, sublinhou a responsável pelo encontro.

Segundo explicou, “as pessoas que fumam têm maior risco de estar doentes, têm maior risco de o tratamento correr pior e, uma notícia ainda pior, é que o tabagismo passivo também coloca as pessoas em risco de tuberculose, particularmente nas crianças”.

Além de sensibilizar a população, a investigadora sublinhou que é necessária uma abordagem integrada da tuberculose, prestando atenção a comportamentos de risco como o álcool e o tabaco.

Sendo uma doença causada por um agente conhecido, que é possível previnir e para a qual existe tratamento e cura, os investigadores questionam-se porque é que a tuberculose ainda existe.

“O que nos preocupa na tuberculose é que ela ainda exista. Não devia haver casos de tuberculose, por isso devemos continuar atentos à sua redução. Ela tem vindo a reduzir, de uma forma consistente, mas podemos fazer mais”, frisou.

Defende por isso que é necessário atuar “na co-infeção VIH, na resistência e na boa adesão ao tratamento”.

“Mas temos de atuar também, e cada vez mais se dá importância a isso, [quanto] aos determinantes sociais, à pobreza, ao desemprego, à forma como as pessoas vivem e aos comportamentos de risco, como o consumo de droga, de álcool e tabaco”, acrescentou. A investigadora acredita que só uma abordagem integrada é que permitirá maior eficácia na redução da tuberculose.

“A tuberculose é curável. O que é preciso é que a pessoa seja diagnosticada atempadamente, de modo a não ficar com sequelas, e faça o tratamento adequado, o tempo todo, para não ter resistências. Porque se houver resistências estamos a perder fármacos e, assim, a ter algumas complicações em tratar a tuberculose”, frisou.

Atualmente, Raquel Duarte é diretora da Unidade de Gestão Integrada do Tórax e Circulação do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, Coordenadora do Centro de Referência Nacional para a Tuberculose Multirresistente, assessora do diretor do Programa Nacional para TB/VIH, para a área da tuberculose, e docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

LUSA/SO

 

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