13 Jan, 2017

Afluência à urgência do Hospital S. João aumenta face ao mesmo período de 2016

A afluência à urgência do Hospital de São João nesta altura do ano é superior à observada em 2016, embora este aumento não se deva apenas à gripe.

O diretor da Unidade Autónoma de Gestão (UAG) da Urgência do Hospital de São João, Porto, disse hoje que a afluência à urgência nesta altura do ano é superior à observada em 2016, embora este aumento não se deva apenas à gripe.

“Estamos a ter uma afluência superior à observada em período homólogo. Neste momento, esse aumento cifra-se em cerca de 13%. A resposta ao porquê não é linear. Não se pode justificar apenas pela gripe, até porque esta acontece todos os anos e não há, até ao momento, um registo que sugira um aumento de incidência da gripe em relação a anos anteriores”, afirmou Luís Teixeira Lopes, numa resposta escrita enviada à Lusa.

De acordo com o responsável, “as temperaturas mais frias vividas desde dezembro de 2016 resultam numa maior incidência de quadros respiratórios (não necessariamente gripe) e descompensação de patologias crónicas (respiratórias e cardiovasculares)”.

Luís Teixeira Lopes salientou, no entanto, que é necessário lembrar que desde o início de 2016 se verificou um aumento, que rondou os 5%, na afluência aos Serviços de Urgência, o que considera ser “um fenómeno nacional”.

“Este aumento manteve-se (pelo menos na região Norte) ao longo do ano, independentemente de fatores ambientais. Existem também razões de ordem cultural que não são alheias à afluência verificada atualmente e ao facto de Portugal registar um número recorde (nos países da OCDE) de episódios de urgência por 100.000 habitantes”, referiu.

Segundo o diretor da UAG da Urgência e Medicina Intensiva do São João, o envelhecimento da população, que implica um aumento de doentes com doenças crónicas e fragilizados, também contribui para essa afluência.

“A isto não é alheia alguma incapacidade de resposta dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), não só às situações ‘urgentes’, mas sobretudo no apoio a esta população de doentes crónicos. Muitos destes doentes crónicos, que sofrem agudizações, das suas patologias só encontram resposta adequada nos Serviços de Urgência dos hospitais”, acrescentou.

Luís Lopes disse ainda que existem planos para responder ao picos de afluência aos serviços de urgência, admitindo, contudo, que “é tarefa quase impossível fazer uma previsão exata sobre picos de afluência”.

“Estes picos assumem muitas vezes uma magnitude para os quais não é possível garantir uma resposta adequada mesmo com maximização de recursos humanos, desde logo porque existirão sempre constrangimentos de espaço físico dos serviços”, comentou.

Segundo o responsável, 70% das admissões acontecem entre as 08:00 e as 20:00 e a média do tempo de espera durante o mês de dezembro de 2016 foi de 109 minutos.

A Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) anunciou recentemente que, face ao aumento da atividade gripal, alargou horário dos Serviços de Atendimento de Situações Agudas (SASU) em diversos centros da região para “responder à procura”.

Em comunicado, de 30 de dezembro de 2016, a ARS-N refere que os SASU dos grandes centros do Porto, Braga, Guimarães, Gaia, Maia/Valongo/Ermesinde, Espinho, Vila Real e “outros onde a procura o justifique” passarão a funcionar nos dias úteis das 20:00 às 24:00 e aos fins de semana e feriados das 09:00 às 24:00.

A ARS-N pretende assim “permitir que os utentes tenham uma resposta adequada junto do seu médico de família”, bem como libertar os serviços de urgência dos hospitais “para situações que verdadeiramente se justificam”, uma vez que “muitos dos episódios registados” nas urgências “manifestam uma procura errada”.

A ARS esclarece ainda que, se houver necessidade, tendo presente a monitorização da atividade gripal, poderá estender a outras unidades de cuidados de saúde primários da região Norte o alargamento do seu horário de funcionamento.

A atividade gripal registou um aumento, no final de dezembro de 2016, mas com tendência para crescer, tendo sido identificados 32 vírus da gripe, segundo o Boletim de Vigilância Epidemiológica, divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

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