26 Jan, 2018

Os Distúrbios do Sono e a Medicina Geral e Familiar em debate

Associação Portuguesa do Sono e a Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia vão promover uma ampla discussão sobre patologias do sono como o síndrome de apneia do sono e a insónia

Associação Portuguesa do Sono e a Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia vão promover uma ampla discussão sobre patologias do sono como o síndrome de apneia do sono e a insónia. Serão apresentados novos modelos explicativos das doenças e propostas formas modernas de tratamento. E principalmente procuram-se formas de articulação eficazes no diagnóstico e seguimento dos doentes com distúrbios do sono, através do desenvolvimento de protocolos formais de referenciação e seguimento dos doentes entre os profissionais de Medicina Geral e Familiar e os hospitais.

“O Essencial da Medicina do Sono para a Medicina Geral e Familiar” é o tema do 1.º Simpósio organizado pela Associação Portuguesa do Sono (APS) e a Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. O encontro, que tem como destinatários preferenciais os profissionais de Medicina Geral e Familiar, vai decorrer no dia 23 de março, sexta-feira, no Hotel D. Inês, em Coimbra. O programa final será divulgado brevemente.

Para além de ir ao encontro das inúmeras solicitações que recebe para prestar formação na área dos distúrbios do sono a Associação Portuguesa do Sono, em conjunto com a Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, procura, com este encontro, contribuir ativamente para a promoção de formas de articulação eficazes no diagnóstico e seguimento dos doentes com patologia do sono. O que se poderá obter através do desenvolvimento de protocolos formais de referenciação e seguimento dos doentes entre os médicos e os hospitais.

Síndrome de Apneia do Sono

Na primeira edição de “O Essencial da Medicina do Sono para a Medicina Geral e Familiar”, o Síndrome de Apneia do Sono (SAS) terá primazia. De acordo com o último grande estudo europeu (Heinzer, 2015), 49,7 % dos homens e 23,4 % das mulheres têm, ou virão a ter no futuro, SAS.

O SAS está associado às doenças cardíaca e cerebrovascular, sendo que a maioria dos doentes com SAS tem hipertensão arterial. A evidência unindo estas duas entidades é tão forte que o SAS foi assumido como a primeira causa identificável e tratável de hipertensão arterial. Os indivíduos com SAS têm maior risco de desenvolver arritmias e doença coronária. O SAS relaciona-se, ainda, com o desenvolvimento da Diabetes Mellitus e o desencadeamento de Acidentes Vasculares Cerebrais. Em suma, o SAS contribui decisivamente para a principal causa de mortalidade em Portugal: a doença cardio e cerebrovascular. Como já se disse a sonolência diurna excessiva (SDE) é uma das manifestações cardinais da doença. Tem impacto na mortalidade e condiciona o desempenho profissional. O SAS tem, por isso, custos indiretos em saúde elevados.

A incapacidade resultante da SDE, em paralelo com o ressonar, a disfunção eréctil, e as comorbilidades cardiovasculares presentes na doença fomentam a desintegração social e familiar. Mais, a depressão é comum nos doentes com SAS. Encarado como um problema maior de saúde pública, o Síndrome de Apneia do Sono envolve necessariamente a Medicina Geral e Familiar.

Insónia Crónica

Outra das patologias que vai ser discutida no simpósio é a insónia crónica grave que é hoje uma doença que atinge cerca de 9% de população.

Um problema sério pelas suas consequências: fadiga, cansaço, sonolência diurna, perda de concentração e memória, irritabilidade, ansiedade, mas também pela forma gravíssima como a comunidade médica aborda farmacologicamente o problema com o uso excessivo de benzodiazepinas, o que é inadequado e perpetua a própria insónia. As benzodiazepinas provocam dependência, alterações cognitivas, demência precoce.
Sabe-se hoje que a insónia tem uma base biológica, quando não tratada aumenta o risco de hipertensão arterial, doença coronária e metabólica.

No simpósio serão abordados estes novos modelos explicativos da doença e apresentadas as formas modernas de tratamento da farmacologia à psicoterapia.

 

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