18 Nov, 2019

Estado não financiou mas impede, há um ano, abertura de uma Unidade de Cardiologia

Unidade de Diagnóstico e Intervenção em Cardiologia está "pronta a utilizar" no Hospital de Guimarães mas espera "há mais de um ano" autorização para funcionar.

O Sindicato Independente do Médicos considera “incompreensível e lamentável” que a situação se mantenha.

Em declarações à Lusa, o dirigente daquele sindicato, Roque da Cunha, explicou que a unidade foi criada por mecenas “não tendo custado nada” ao Estado e que o facto de não estar em funcionamento “obriga os pacientes” a serem enviados para outros hospitais, como Braga, Porto ou Coimbra.

Segundo noticiou a TSF, a Liga dos Amigos do Hospital de Nossa Senhora de Guimarães denunciou ter financiado, através de mecenato, a criação daquela unidade há cerca de um ano, com custo superior de dois milhões de euros, sendo que a unidade hospitalar não está autorizada a utilizá-la, por falta de autorização da tutela.

“Há um ano que equipamentos e profissionais estão prontos a intervir. Não se compreende, é incompreensível e lamentável que equipamentos que não tiveram qualquer custo para o Estado não estejam a servir a população. Lamentámos esta situação”, disse hoje à Lusa Roque da Cunha.

Segundo o sindicalista, “isto causa enormes constrangimentos à população, principalmente para a realização de cateterismo, uma intervenção para a qual há listas de espera”, salientou.

No entanto, Roque da Cunha referiu que “não está em causa o risco de vida das populações que podiam ser servidas por esta unidade, mas não deixa de ser um desperdício ridículo de recursos”.

Em declarações à Lusa, a Liga dos Amigos do Serviço de Cardiologia do Hospital de Nossa Senhora de Guimarães, por meio do advogado que a representa, César Machado, lamentou igualmente que “um esforço económico de empresas, da liga e associações, não esteja a ser utilizado”.

“A unidade tem os equipamentos, tem profissionais formados e, no entanto, as populações de Guimarães, Fafe, Celorico de Basto, Mondim e Cabeceiras de Basto têm que ir a Porto, Braga ou a Coimbra para poderem usufruir de um serviço que têm no seu hospital de referência”, apontou César Machado.

O causídico referiu ainda, a título de exemplo, que “só em 2017 foram requisitados mais de 900 cateterismos pelo Hospital de Guimarães a outras unidades”, o que, defendeu, “além de estar a desperdiçar recursos, foi sobrecarregar as outras unidades de saúde de forma despropositada.

Questionado pela Lusa, o ministério da Saúde, através de fonte da Administração Regional de Saúde do Norte, respondeu que “de acordo com a Rede de Referenciação Hospitalar na especialidade Cardiologia de Intervenção e Diagnóstico, os doentes da região são referenciados para o Hospital de Braga”.

“O contrato celebrado para a gestão do Hospital de Braga, até 1 de setembro, a funcionar no regime de Parceria Público-Privada e, desde então na esfera pública, encontra-se em análise a reorganização da Rede. A atualização a decorrer permitirá decidir sobre o encaminhamento e receção de doentes na especialidade de Cardiologia de Intervenção e Diagnóstico”, referiu a fonte.

SO/LUSA

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