8 Nov, 2019

Urgência do Hospital de Santa Maria à beira do colapso

Faltam médicos para as escalas. Vários chefes de equipa do Santa Maria e Pulido Valente já pediram escusa de responsabilidade. Hospital admite falhas.

Vários chefes de equipa da Urgência do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, desresponsabilizaram-se de problemas que possam ser provocadas pela falta de profissionais, afirmou hoje o Sindicato dos Médicos da Zona Sul.

O sindicato afirma que 21 chefes de equipa do serviço de urgência do Centro, que inclui os hospitais Pulido Valente e Santa Maria, “entregaram minutas de escusa de responsabilidade dada a situação atual de carência” de médicos.

Por considerarem que não há condições para cuidados de saúde de qualidade e em segurança, os médicos recusam assumir “qualquer responsabilidade pelos acidentes ou incidentes” que possam acontecer por causa do que chamam “deficientes e anómalas condições de organização do serviço causadas pela insuficiência dos meios humanos”.

Referem que as equipas nas escalas da urgência para as noites, madrugadas e fins de semana estão abaixo dos “mínimos recomendados pelo Colégio da Especialidade de Medicina Interna”, mas que continuarão a “prestar os melhores cuidados ao seu alcance”.

Para o Sindicato, a culpa é da “gestão danosa de recursos humanos” da administração e da “política desastrosa” de vários governos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) que provocou a “deserção dos médicos para os privados e estrangeiro”.

Pede ao Ministério da saúde que torne “o SNS atrativo, tanto para os médicos fora do SNS como para aqueles que permanecem e fazem todos os esforços para o manter um serviço público de elevada qualidade”.

Centro Hospitalar Lisboa Norte reconhece carências de médicos

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) reconheceu a carência de médicos para assegurar as urgências, mas afirma que ainda foi possível compensar a saída de clínicos, apesar do “relevante esforço” que tem sido feito.

O CHULN reconhece as “carências existentes”, em termos de médicos para a atividade de urgência, mas esclarece que “mercê do esforço, flexibilidade e incontestável dedicação dos profissionais, é nos fins de semana que se verifica a maior dificuldade em equilibrar a dotação das equipas, pois nos dias úteis, incluindo os períodos noturnos, a articulação entre as equipas permite dotações mais adequadas”.

O CHULN lembra que, como unidade hospitalar de referência, incorpora “uma Urgência Polivalente que regista a maior afluência diária da Região de Lisboa e Vale do Tejo, pugnando por assegurar cuidados de saúde de qualidade”.

Na quarta-feira realizou-se uma reunião entre o diretor clínico e todos os chefes de equipa da urgência, “para, com transparência e frontalidade, serem objetivados os problemas e perspetivadas as soluções que, a curto prazo, mitiguem as dificuldades e a médio/longo prazo tragam a necessária estabilidade e solidez às condições de trabalho e prestação de cuidados”.

O CHULN refere que, nos últimos anos, mercê do envelhecimento da população médica e do progresso das determinações que regulam o exercício da profissão médica, assistiu-se à saída das escalas da Urgência Geral de especialistas e internos das outras especialidades médicas, sendo atualmente as equipas constituídas quase exclusivamente por médicos de Medicina Interna.

SO/LUSA

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