Privados também já competem com o SNS na formação de médicos
SNS tem capacidade de formação limitada, nomeadamente no que diz respeito à especialidade. Multiplicam-se os acordos e protocolos entre universidades e hospitais privados.
Os privados estão a aproveitar a fragilidade do SNS no que diz respeito à formação de jovens médicos. O número de vagas de formação clínica para alunos em instituições de saúde privados está a aumentar, bem como os lugares para a especialização, adianta o jornal Expresso.
Os protocolos de cooperação entre as universidades públicas e grupos privados multiplicam-se. A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, por exemplo, já estabeleceu parcerias com quatro instituições privadas e está prestes a fechar outros quatro.
Ainda na semana passada, a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Nova de Lisboa e a José de Mello Saúde firmaram um acordo que vai permitir que 150 alunos do quarto ano do curso de Medicina da Nova tenham acesso a uma aprendizagem técnico-prática na especialidade de otorrinolaringologia. Vão poder ainda fazer investigação, uma das lacunas mais visíveis da formação pública e que motiva mais queixas por parte dos médicos. As aulas vão decorrer na CUF Infante Santo, onde deverá abrir outro núcleo dedicado à gastrenterologia e à cirurgia.
“As faculdades [públicas] estão no limite e esta pode ser uma solução. Com mais docentes e sítios para formação, o ensino será melhor”, sublinha, ao Expresso, o diretor da FCM da Universidade Nova de Lisboa, Jaime Branco.
Especialização no privado também cresce
Há já largos anos que não existem vagas suficientes para os médicos fazerem a especialidade nos hospitais públicos. O contingente de ‘médicos indiferenciados’ já ultrapassa os 3500 e não há sinais de que tendência se possa inverter a breve prazo. Embora devagar, os privados têm vindo a aproveitar mais esta fragilidade do SNS. Em 2020, a rede formativa privada deverá ter 13 vagas, distribuídas pelas especialidades de medicina intensiva, medicina interna, pediatria e oncologia.
A Ordem dos Médicos não se opõe à concorrência. “Não nos importa saber qual é o modelo de gestão da unidade onde é dada a formação, apenas se são respeitados os critérios elaborados pelos colégios das 48 especialidades”, esclarece Paulo Cortes, da secção do Centro da Ordem, criticando a falta de empenho do Ministério da Saúde no aumento da capacidade formativa no SNS.
SO/LUSA