9 Set, 2019

Descoberta relação entre genética e obesidade abdominal nas meninas

Um estudo da Universidade de Coimbra concluiu que existe uma associação positiva entre um gene (FTO) e a obesidade infantil em meninas, que nem a atividade física consegue modificar.

O novo estudo, realizado por uma equipa de investigadores do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (UC), afirma que “que esta associação positiva nas meninas é muito problemática devido ao risco da obesidade abdominal para a saúde”.

Existe uma associação forte e significativa entre o polimorfismo de nucleótido simples do gene associado à obesidade FTO (fat mass and obesity-associated gene) e o risco de obesidade abdominal em meninas, mas não em meninos“, salienta um comunicado enviado à agência Lusa.

Do estudo participaram 440 crianças portuguesas (213 meninas e 227 meninos), com idades compreendidas entre os 3 e os 11 anos, de várias escolas públicas da região Centro do país.

“Pretendeu-se perceber também se a atividade física, medida em acelerómetros, pode moderar o efeito da variante FTO rs9939609 na obesidade em crianças”, pode ler-se no comunicado enviado para as redações.

O especialista em genética e autor principal do artigo científico, Licínio Manco, declara que, “surpreendentemente”, se verificou que “a prática de atividade física [em maior ou menor intensidade], não atenua a influência do gene FTO no ganho de peso corporal em crianças”, contrariamente ao observado em adultos, como, aliás, havia já sido demonstrado num outro estudo realizado com jovens adultos portugueses. De acordo com os investigadores, as meninas são um grupo de maior risco por serem mais sedentárias e mais suscetíveis a ganhar peso.

“Isto significa que é importante incentivar a atividade física em todas as crianças, independentemente da sua suscetibilidade genética para a obesidade, devido aos inúmeros benefícios para a saúde infantil”, sublinha.

O estudo, realizado no âmbito de um projeto sobre “Desigualdades na obesidade infantil: o impacto da crise económica em Portugal de 2009 a 2015”, coordenado por Cristina Padez, e cofinanciado pelo programa “COMPETE 2020, Portugal 2020” e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), carece, segundo o investigador, ainda de uma verificação e validação dos dados em estudos longitudinais e com maiores amostras.

EQ/Lusa

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