26 Ago, 2019

Malária: Combate pode evitar quatro milhões de mortes até 2030

De acordo com a OMS, o combate a este vírus pouparia milhões de vidas, entre elas uma substancial percentagem de vidas de crianças.

Foto: Roll Back Malaria Partnership (RBM)/ Benjamin Schilling (PSI) – ONU Brasil website

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que as ações de combate à malária devem chegar à maior parte da população dos 29 países mais afetados pela doença, sendo que este ato pode mesmo evitar quatro milhões de mortos nos próximos dez anos.

De acordo com o estudo da Organização Mundial de Saúde, se as intervenções atuais contra a malária chegasse a 90% da população de 29 países onde ocorrem 95% dos casos evitavam-se 4 milhões de mortes até 2030.

Ainda de acordo com o relatório do Grupo Consultivo Estratégico da OMS sobre a Erradicação da Malária, publicado na sexta-feira, esta expansão das intervenções custaria cerca de 34 mil milhões de dólares (cerca de 30,7 mil milhões de euros), mas representaria um impacto económico positivo de cerca de 283 mil de dólares (o que convertido de euros, representam 256 mil milhões de euros) no Produto Interno Bruto (PIB) desses países.

Os benefícios seriam ainda maiores entre algumas das populações mais vulneráveis, como as crianças com menos de cinco anos, que representam 61% de todas as vítimas mortais.

Segundo o último relatório mundial da malária da OMS, o mundo não deve cumprir as metas para 2030 estabelecidas na estratégia técnica global da OMS para a malária 2016-2030, que passava pela redução de 90% na incidência de novos casos de malária e da sua taxa de mortalidade. Todos os anos, o número de novos casos de malária ultrapassa os 200 milhões, sendo que a cada dois minutos uma criança morre desta doença tratável. Já as taxas de infeção pela doença mantêm-se desde 2015.

Por isso, o documento destaca a necessidade de uma maior aposta em pesquisa e desenvolvimento, considerando, que, ao ritmo atual, o mundo não deverá conseguir cumprir os objetivos traçados até 2030.

A aceleração da pesquisa e desenvolvimento é fundamental para cumprir esse objetivo, diz a OMS. Atualmente, menos de 1% do financiamento nesta área da saúde vai para o desenvolvimento de ferramentas para combater a malária.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, citado pelo jornal das Nações Unidas ONU News, disse que “libertar o mundo da malária seria uma das maiores conquistas em saúde pública”. Adiantou que, “com novas ferramentas e abordagens, essa visão pode se tornar uma realidade”.

Já o presidente do Grupo Consultivo da OMS, Marcel Tanner, atesta que é necessário, em primeiro lugar, “reforçar a motivação para encontrar estratégias e ferramentas transformadoras que podem ser adaptadas à situação local”. Segundo o presidente, o simples facto de manter a situação atual “não está apenas a atrasar o progresso, mas sim a fazê-lo recuar”.

De acordo com o relatório publicado, a maioria das ferramentas utilizadas para combater a malária foi desenvolvida no século passado, como mosquiteiros tratados com inseticidas, pulverização residual interna, testes de diagnóstico e medicamentos. Estas são algumas das possibilidades, uma vez que estão a ser realizadas novas abordagens que promovem novas formas de diagnóstico, medicamentos e inseticidas estão em desenvolvimento.

Um dos melhores exemplos dessa evolução e avanço na prevenção e tratamento é a primeira vacina de malária do mundo, que já foi usada em Gana e Malaui e deve agora ser introduzida no Quénia. No entanto, em muitos países, o acesso aos serviços de saúde continua a ser um grande desafio.

Em África, apenas uma em cada cinco mulheres grávidas que vivem em áreas de moderada a alta transmissão da doença têm acesso aos medicamentos necessários. E apenas metade das pessoas em risco dormem sob uma rede tratada com inseticida.

Torna-se, portante, veemente a necessidade de se revolucionar a forma de abordar a doença, a sua prevenção, o seu diagnóstico e o tratamento.

No final do ano passado, novembro de 2018, a OMS lançou uma iniciativa que se focava nos 11 países que detinham mais de 70% da carga mundial de malária, 10 africanos e a Índia.

EQ/Lusa

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