1700 enfermeiros contratados insuficientes para colmatar as necessidades identificadas

A Ordem dos Enfermeiros entende que as novas contratações anunciadas pelo Ministério da Saúde não chegam para cobrir os profissionais que há um ano ficaram por contratar.

A bastonária da Ordem dos Enfermeiras, Ana Rita Cavaco, disse, em declarações à agência Lusa, que em julho do ano passado se contrataram cerca de mil dos 1.700 enfermeiros que seriam necessários apenas para suprir a passagem das 40 para as 35 horas semanais, ficando a faltar 700 profissionais.

“Estas 552 novas contratações não cobrem os cerca de 700 que ficaram por contratar e deviam ter sido contratados em outubro. E além disso, já tínhamos necessidades para trás. Há serviços com camas encerradas por falta de enfermeiros”, referiu.

Ana Rita Cavaco indica que todas as instituições do SNS têm défices de enfermeiros e que estas mais de 500 contratações estão aquém das necessidades.

“É sempre positivo a contratação, mas isto não vai resolver grande coisa, nem resolver a carência de enfermeiros com a passagem às 35 horas, nem a que já existia anteriormente”, afirmou à Lusa.

A bastonária estima que estas contratações possam começar a ter efeito na “altura da campanha eleitoral” das próximas legislativas, em outubro.

A passagem às 35 horas na saúde abrangeu enfermeiros, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, farmacêuticos e assistentes operacionais. Os médicos têm um regime diferente e não estiveram integrados nesta transição.

Segundo a Ordem dos Enfermeiros, o SNS “já tinha uma carência crónica de 30 mil enfermeiros”, tornando necessário contratar três mil profissionais por ano durante 10 anos. Além disso, para colmatar a passagem das 40 para as 35 horas de trabalho seriam necessários cerca de 1.700.

O Governo anunciou esta segunda-feira que autorizou a contratação de mais de 1.400 profissionais para os hospitais, repondo a capacidade de resposta que tinha sido afetada com a passagem às 35 horas, segundo o secretário de Estado da Saúde.

Com a autorização para a contração de 1.424 profissionais para a generalidade dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “fica definitivamente reposta a capacidade que tinha sido afetada com a passagem para as 35 horas”, considerou, em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos.

O despacho conjunto do Ministério da Saúde e do Ministério das Finanças, assinado na quinta-feira, permite que os hospitais possam, a partir de hoje, dar início aos procedimentos necessários à celebração de contrato sem termo com 552 enfermeiros, 162 assistentes técnicos e 710 assistentes operacionais.

SO/Lusa

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