15 Jul, 2019

Alerta OMS: Alimentos para bebés têm excesso de açúcar

Pelo menos um em cada três alimentos infantis tem excessivos níveis de açúcar e são comercializados de forma incorreta como adequados para bebés com menos de seis meses, detetou a Organização Mundial de Saúde (OMS) em quatro cidades europeias.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recolheu dados de dois estudos sobre 7.995 alimentos ou bebidas comercializadas para bebés e crianças pequenas de 561 lojas em quatro cidades europeias da Região Europeia da organização – Viena (Áustria), Sofia (Bulgária), Budapeste (Hungria) e Haifa (Israel).

Nestas quatro cidades, entre 28% e 60% dos produtos era comercializada como sendo adequada para bebés com menos de seis meses de idade e em três das cidades metade ou mais dos produtos forneciam mais de 30% das calorias através dos açúcares.

Em cerca de um terço dos produtos, o açúcar, sumo de frutas concentrado ou outros agentes edulcorantes faziam parte da lista de ingredientes. “Esses aromas e açúcares adicionados podem afetar o desenvolvimento das preferências de sabor das crianças aumentando o gosto por alimentos mais doces”, indica a OMS.

Apesar de alimentos como frutas e vegetais, que naturalmente contêm açúcares, serem apropriados para bebés e crianças pequenas, “o nível muito alto de açúcares livres em produtos comerciais como o puré também é motivo de preocupação”, alerta a organização.

As recomendações da OMS indicam que as crianças devem ser amamentadas exclusivamente nos primeiros seis meses de vida e que os alimentos complementares não devem ser anunciados como para bebés com menos de seis meses de idade. Apesar disso, o resultado destes dois estudos demonstram que as empresas que comercializam este tipo de alimentos não seguem as regras.

Embora seja permitido pela legislação da União Europeia, a OMS diz que este comportamento das empresas “não presta homenagem ao Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno” nem ao guia da organização.

“Ambos afirmam explicitamente que os alimentos complementares comerciais não devem ser comercializados como adequados para crianças com menos de 6 meses de idade”, sublinha a OMS, num comunicado sobre o estudo, hoje apresentado em Bruxelas.

Este trabalho foi realizado entre novembro de 2017 e janeiro de 2018.

“Os alimentos para bebés e crianças pequenas devem atender a várias recomendações estabelecidas de nutrição e composição. No entanto, há preocupações de que muitos produtos ainda possam ser muito ricos em açúcares”, diz João Breda, chefe do Escritório Europeu de Prevenção e Controle de Doenças Não Transmissíveis da OMS.

Para ajudar os países a avançar com recomendações nutricionais, a OMS propõe a proibição de açúcares adicionados, incluindo o concentrado sumo de fruta, em todos os alimentos para bebés, a limitação do teor total de açúcar dos snacks salgados a valores inferiores a 15% da energia e do uso de puré de fruta a 5% do peso total do alimento.

Propõe igualmente uma melhoria da rotulagem no que se refere aos produtos de açúcar e aos teores totais de frutas, assim como a redução do teor máximo permitido de sódio para 50mg/100Kcal e 50mg/100gr na maioria dos produtos.

A OMS defende ainda que as bebidas de frutas e sucos, as alternativas de leite / leite de vaca adoçadas e os salgadinhos doces não devem ser comercializados como adequados para bebés e crianças de até aos três anos de idade (36 meses).

Lusa/SO

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