‘Vitamina E’ potencia metástases no Cancro do Pulmão

Uma nova análise mostra que os antioxidantes, especialmente a Vitamina E, estimula as metástases no Cancro do Pulmão devido ao aumento de uma proteína.

As descobertas surgiram depois da análise de uma série de artigos científicos publicados na Cell e parecem contrariar a ideia de que os antioxidantes são uma boa arma para prevenir o cancro.

No primeiro estudo analisado, “Nrf2 Activation Promotes Lung Cancer Metastasis by Inhibiting the Degradation of Bach1”, o chefe do Departamento de Bioquímica Farmacológica Molecular da New York University Langone e da New York University School of Medicine, em Nova Iorque (EUA), e principal autor do estudo, Michele Pagano, e a restante equipa de investigação detalham como as mutações genéticas conhecidas por promover a produção de antioxidantes aumentam os níveis intracelulares da proteína Bach1, um impulsionador da metástase das células cancerígenas.

Já no segundo estudo, designado “BACH1 Stabilization by Antioxidants Stimulates Lung Cancer Metastasis”, o principal autor, Martin Bergo, do Karolinska Institute, em Estocolmo (Suécia), bem como a restante equipa abordam, através de experiências em ratinhos com cancro do pulmão, a forma como o aumento da vitamina E também aumenta o Bach1 intracelular, estimulando, assim, a disseminação do cancro num ratinho com cancro do pulmão. Mais concretamente, o Bach1 estabilizado é fundamental para evitar o aparecimento de cancro do pulmão de não pequenas células (CPNPC).

A equipa sueca observou ainda como a glicolise aumenta o metabolismo da glicose nas células, bem como nos níveis de ácido lático. Quanto maior a quantidade de glicose na corrente sanguínea, maior a probabilidade de haver reprodução de metástases das células cancerígenas.

Aproximadamente 30% dos pacientes com CPCNP têm mutações específicas em vários genes que promovem a homeostase oxidativa e lhes permitem aumentar a transcrição de genes antioxidantes, seja adquirindo mutações estabilizadoras, como no gene Nrf2 , ou adquirindo mutações inativadoras. Ambos os tipos de mutações ajudam as células tumorais a protegerem-se dos efeitos citotóxicos.

Numa série de estudos realizados para esclarecer os mecanismos moleculares pelos quais a acumuação de Nrf2 promove metástases no adenocarcinoma de pulmão, Michele Pagano e a sua equipa testaram uma série de mutações envolvidas no processo da doença metastática e documentaram como cada uma dessas promove a migração celular, metástase e, finalmente, a ativação do programa de transcrição Bach1. A expressão dos genes Bach1 no tecido do adenocarcinoma do pulmão está também associada à redução da sobrevida.

As descobertas reveladas pelo principal autor do primeiro estudo Michel Pagano complementam os resultados relatados por Martin Bergo e a sua equipa, que descobriu que a suplementação com N- acetilcisteína ou vitamina E na dieta promove a metástase pelo aumento intracelular de Bach1 em modelos de ratos com cancro de pulmão.

TC/EQ

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