9 Jul, 2019

A tragédia ignorada. Só este ano já morreram de cólera 193 crianças no Iémen

A organização Save The Children alerta para o aumento da cólera no Iémen. Número de infetados mais que quadruplicou.

A organização não governamental (ONG) Save The Children indicou, através de um comunicado, que “a taxa de mortalidade duplicou” e que o número total de pessoas que morreram em casos suspeitos da doença nos últimos seis meses “é nove vezes maior que no mesmo período do ano passado”.

No primeiro semestre do ano foram registados 203 mil casos da doença em menores, com a idade inferior a 15 anos, tendo-se registado 193 mortes neste segmento etário relacionadas com a doença. Segundo a ONG, o número de total de casos suspeitos em crianças correspondente a igual período de 2018 foi de 93.237, com 76 mortes registadas.

Nos primeiros seis meses de 2019, o número total de casos foi de 439.812, aproximadamente 4,5 vezes mais que no mesmo período em 2018, e já morreram 695 pessoas este ano. Em 2017, o Iémen sofreu o pior surto da doença, com pelo menos 2.300 mortes e mais de um milhão de contágios.

O alerta da Save The Children coincide com a temporada de chuvas no país, que já provocou várias inundações nas últimas semanas em diversas áreas, o que pode contribuir para o agravamento do surto, pois as bactérias da doença podem ser transmitidas através de águas residuais ou não tratada.

“A disponibilidade de combustível não está garantida nestes momentos, o que limita o bombeamento das águas residuais e a recolha do lixo: um terreno fértil para doenças infeciosas transmitidas pela água, como a cólera”, acrescenta a Save The Children no comunicado.

A diretora da ONG no país, Tamer Kirolos, indicou que “o número de casos aumentou devido às chuvas e inundações e os surtos de doenças crescem como consequência do colapso do sistema de saúde e de uma população cada vez mais vulnerável, devido ao deslocamento forçado e à desnutrição”.

Segundo a ONU, o Iémen é o país com a pior crise humanitária do mundo por estar há quase cinco anos numa guerra que deixou três quartos da população, constituída por 30 milhões de habitantes, em situação de vulnerabilidade.

Cerca de 3,2 milhões de crianças não tem acesso a água potável e cerca de 14 milhões de pessoas encontram-se à beira da inanição, relembra a Save The Children e acrescenta que desde 2015, 85.000 crianças morreram devido à falta de alimentos.

LUSA/SO

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