21 Jun, 2019,

Crise nas maternidades. Faltam, pelo menos, 150 médicos obstetras

A Ordem dos Médicos lembra que apenas 60% dos especialistas trabalha no setor público e anunciou que vai pedir uma reunião com caráter de urgência à ARS de Lisboa e Vale do Tejo.

A Ordem dos Médicos informou que vai pedir uma reunião com caráter de urgência à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) para esclarecer o eventual fecho rotativo das urgências de obstetrícia da capital.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães referiu que o eventual fecho rotativo das urgências de obstetrícia de quatro dos maiores hospitais de Lisboa “ultrapassa os limites do aceitável e não constitui em si uma solução para o problema que se arrasta”. “É necessário existir um planeamento adequado das necessidades dos serviços, ter uma organização modelar e encontrar verdadeiras soluções para os problemas e não apenas insistir na improvisação em cima do joelho”, defende o bastonário.

Segundo noticia hoje o jornal Público, as urgências de obstetrícia de quatro dos maiores hospitais de Lisboa vão estar fechadas durante o verão, fechando rotativamente uma de cada vez, devido à falta de especialistas.

De acordo com o Público, “a partir da última semana de julho e até ao final de setembro” as urgências de obstetrícia da Maternidade Alfredo da Costa, Hospital de Santa Maria, São Francisco de Xavier e Amadora-Sintra vão estar “fechadas num esquema de rotatividade”.

Para Miguel Guimarães, o fecho rotativo das urgências não passa de “um remendo”, sendo que o efeito dominó de tal medida “pode ter consequências imprevisíveis na atividade cirúrgica, no internamento, na vigilância, nos tempos de espera, na taxa de cesarianas e, em última análise, na qualidade e segurança clínica dos cuidados prestados às grávidas e aos recém-nascidos”.

Na nota de imprensa da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães refere que Portugal corre o risco de reverter os anos de trabalho positivo na área da saúde materno-infantil.

Apesar de afirmar que “as carências não são de hoje”, o bastonário insiste que é necessário perceber “o que aconteceu nos últimos meses” para que se esteja a assistir “a um colapso diário de vários serviços hospitalares”.

A mesma nota recorda que dos 1.400 especialistas em ginecologia e obstetrícia inscritos na Ordem dos Médicos com menos de 70 anos apenas 850 trabalham no Serviço Nacional de Saúde, sendo necessários “pelo menos mais 150 especialistas”.

O Conselho Regional da Ordem dos Médicos convocou todos os Diretores Clínicos, Diretores de Obstetrícia e de Unidades Neonatais da Região Sul para uma reunião urgente na terça-feira para a Sede da Ordem dos Médicos.

LUSA

 

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