GSK lança terapêutica tripla para doentes com DPOC

Em entrevista ao Saúde Online, a diretora-geral da GSK destaca o investimento da empresa na área respiratória, que se traduziu agora no lançamento de uma inovadora terapêutica tripla para doentes com DPOC com exacerbações.

Prestes a celebrar meio século de investigação e desenvolvimento de produtos na área respiratória, que balanço faz da evolução registada nesta área?

A GSK é líder na área respiratória, uma posição que vem sendo construída ao longo dos últimos 50 anos. Data de 1969 o lançamento do primeiro beta agonista de curta duração (SABA) seletivo para a Asma, que veio mudar o paradigma da gestão do doente asmático. 50 anos depois, em 2019, lançamos em Portugal uma inovadora associação fixa LAMA/LABA/ICS para o tratamento da DPOC. Hoje, como em 1969, continuamos empenhados em melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas que têm dificuldade em respirar.

Nos últimos três anos, investimos, em média, 240 milhões de libras/ano em I&D de ativos em fase precoce e avançada, projetos e pessoas na área respiratória. Este compromisso faz com que sejamos uma das empresas farmacêuticas com um dos portfólios mais alargado e robustos de produtos respiratórios de toda a indústria.

Em breve irão disponibilizar um novo medicamento. De que se trata, exatamente?

Trata-se de uma nova terapêutica para a DPOC, que representa um marco para o tratamento desta doença. Se pensarmos que a DPOC é, em Portugal, a sétima causa de morte prematura e a segunda causa de internamento por doença respiratória, percebemos que ainda existe uma grande necessidade médica por responder a este nível. O desenvolvimento de medicamentos que reduzam as exacerbações, os internamentos e a mortalidade é crucial. Assim sendo, estamos muito satisfeitos por, neste 50.º aniversário, podermos lançar uma inovadora terapêutica tripla, disponível num único inalador, que demonstrou resultados muito positivos na redução das exacerbações/agudizações em doentes de DPOC.

Em Portugal, a GSK emprega mais de 200 pessoas e trabalha com 250 parceiros locais

Em que outras áreas a empresa também se tem destacado a nível global?

A nível global, contamos com uma equipa superior a 11 mil profissionais a trabalhar na Investigação & Desenvolvimento (I&D) de novos produtos e temos parcerias com 1.500 organizações académicas, científicas e outros players do setor. A nossa equipa de I&D, além do foco constante na área respiratória e cujos resultados mais recentes são produtos inovadores para a Asma Grave e a DPOC, está também empenhada em construir um portfólio robusto na área de Oncologia, como a aquisição recente da Tesaro, companhia especializada em Oncologia, o demonstra. Contamos lançar um novo produto nesse campo – um medicamento para o mieloma múltiplo – na Europa, já no próximo ano. É um tratamento estudado na população de doentes refractários à terapêutica convencional.

O bom desempenho da GSK traduz-se em ganhos para Portugal? De que forma a GSK contribui para a economia portuguesa?

A nível internacional, a nossa performance tem sido bastante positiva e, ano passado, tivemos um turnover de 30,8 mil milhões de libras. Acreditamos num círculo de saúde sustentável e este voto de confiança naquilo que fazemos é encarado com muita responsabilidade da nossa parte, através do reinvestimento e retribuição com mais conhecimento e inovação.

O ano passado, a GSK foi a empresa farmacêutica com maior aumento (14%) do investimento em I&D na União Europeia. Atualmente, estamos a trabalhar no desenvolvimento de 62 potenciais novos medicamentos e vacinas.

Em Portugal, o Grupo GSK (GSK Farma, GSK Consumer e ViiV Healthcare) emprega mais de 200 profissionais e temos um histórico de compromisso e investimento em Portugal há mais de 20 anos. Nos últimos cinco anos, contribuímos, em média, com 25 milhões de euros/ano para a economia portuguesa e trabalhamos com cerca de 250 parceiros locais.

Qual a política da GSK relativamente ao acesso aos medicamentos nos países em desenvolvimento?

Trabalhamos, diariamente, para que os medicamentos e vacinas sejam acessíveis a todos os que deles precisam, independentemente do local onde vivem ou da sua capacidade económica. Desenvolvemos estratégias de acesso com base nas circunstâncias específicas do país, como a acessibilidade do doente ou o sistema de saúde local. Um bom exemplo é o fornecimento de vacinas orais contra a poliomielite para a UNICEF, que a GSK contribuiu, ao longo de 50 anos, com mais de 17 biliões de doses desde o estabelecimento da Iniciativa Global de Erradicação da Pólio, em 1988.

Que novidades têm em pipeline e para que áreas terapêuticas?

Estamos empenhados em melhorar as respostas na área de oncologia, procurando tirar partido das sinergias obtidas com a recente operação de aquisição da Tesaro. Na área respiratória, já a partir do próximo mês, passa a estar disponível no mercado nacional uma nova terapêutica para a DPOC, que vem dar resposta a um dos principais desafios na gestão destes doentes, o controlo das exacerbações/agudizões. Ainda na área respiratória, uma das nossas preocupações é ajudar os doentes de Asma Grave a conseguir recuperar a sua qualidade de vida. Para isso, efetuamos um investimento no desenvolvimento de uma nova terapêutica biológica, que se tem revelado uma arma terapêutica muito importante para os profissionais de saúde gerirem esta condição clínica.

No que diz respeito à área de vacinas, o nosso portfólio abrange um conjunto de soluções que permitem prevenir um número muito considerável de doenças infecciosas. Neste momento, a nossa principal preocupação, nesta área, é conseguir aumentar a taxa de população protegida contra a Meningite B, uma doença que apresenta uma elevada taxa de mortalidade (8−10%) e de sequelas (≈20%) e cujos casos têm vindo a aumentar em Portugal. Cerca de três em cada quatro casos de doença meningocócica invasiva em Portugal são causados pelo serogrupo B e a vacinação é a única forma confiável e segura para prevenir a doença. O facto de a vacina contra o meningococos do serogrupo B não estar incluída no Programa Nacional de Vacinação, de forma geral e universal, cria iniquidade no acesso, uma vez que apenas está acessível para as crianças cujas famílias disponham de capacidade financeira para suportar o seu custo.

Medicamentos biológicos: o que podemos esperar para o médio prazo e em que áreas?

Acreditamos que cabe à indústria desenvolver uma abordagem de I&D verdadeiramente eficiente, sobretudo, no contexto de constrangimentos orçamentais a que estamos sujeitos. Isto é, temos que ser capazes de disponibilizar medicamentos verdadeiramente diferenciados. A este nível, estou satisfeita por ver que a GSK está um passo à frente. Basta ver a colaboração que estabelecemos com a 23andMe para desenvolver medicamentos mais personalizados, por via da genética. Acredito que o futuro passa por uma medicina cada vez mais personalizada e com a inovação a ser disponibilizada nas áreas onde as necessidades médicas estão ainda por responder.

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