17 Abr, 2019

Ordem dos Psicólogos lamenta esperas acima de quatro anos para consultas

A Ordem dos Psicólogos enviou uma carta aberta ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em que alerta para períodos de espera por uma consulta de psicologia acima dos quatros anos

“Os utentes chegam a esperar mais de quatro anos por uma consulta de psicologia em algumas zonas do país”, afirma a carta aberta a que a Lusa teve acesso.

Na carta, enviada no dia do nono aniversário da posse do primeiro bastonário, Telmo Mourinho Baptista, é apontada a existência de cerca de mil psicólogos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que no setor dos cuidados primários há um rácio de apenas 2,5 profissionais por cem mil habitantes.

Este indicador, diz o atual bastonário, Francisco Miranda Rodrigues, resulta “em situações dramáticas para acesso aos serviços de psicologia, nomeadamente no que se refere às perturbações psicológicas mais comuns”.

A Ordem dos Psicólogos refere a existência de estudos internacionais que apontam para 50% a 70% das consultas dos médicos de família relacionadas com fatores psicológicos, como a ansiedade, a depressão e o ‘stress’, e de dados da OCDE de 2018 que colocam Portugal como o quinto país da União Europeia com maior prevalência de problemas de saúde mental (18,4%).

O bastonário afirma que a Ordem propôs ao Governo em 2017 a realização de um programa nacional de prevenção da depressão, mas, que, “com exceção de um projeto-piloto a decorrer na região autónoma dos Açores, quer por falta de recursos, quer por preconceitos relativos ao modelo a implementar, o mesmo continua sem aplicação em Portugal”.

Francisco Miranda Rodrigues Lembra que em 2018 houve um concurso para recrutamento de 40 psicólogos e, pela primeira vez na história, apenas para os cuidados de saúde primários, “após mais de 20 anos sem qualquer concurso de ingresso na área clínica e da saúde do SNS”.

“Todavia, só terá efeitos práticos se fizer parte de uma estratégia continuada de reforço da prestação de cuidados de saúde psicológica à população, que garanta a efetiva admissão de novos profissionais no SNS e o seu rejuvenescimento”, diz ainda o bastonário.

LUSA/SO

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