29 Mar, 2019

Ficaram por preencher quase metade das vagas para médicos especialistas

Jovens recém-especialistas optam cada vez menos por exercer no SNS. Ministra justifica números com contratos de prestação de serviços mas bastonário contrapõe.

O concurso da segunda época de 2018 para a contratação de médicos especialistas no Serviço Nacional de Saúde deixou 45% das vagas por preencher, avança o Jornal de Notícias. A tutela abriu 300 vagas mas apenas 165 foram ocupadas. A falta de capacidade do SNS para reter especialistas agrava-se de ano para ano.

Segundo dados da Administração Central do Sistema de Saúde, a região Norte foi a que conseguir garantir mais médicos: 64 em 91 vagas. Seguiu-se a região de Lisboa e Vale do Tejo, que, com este concurso, ficou com mais 60 médicos (em 100 lugares disponíveis). Mais preocupante é a situação no Alentejo e no Algarve, regiões que mostram uma particular dificuldade em atrair especialistas. Para o Alentejo entram 10 médicos e para o Algarve apenas 5, quando a tutela esperava poder colocar nestas zonas mais de 60 profissionais.

Repetindo uma estratégia que, até agora, não tem dado resultados, o governo abriu mais vagas do que os lugares a concurso, de modo a permitir que os candidatos concorressem a hospitais na sua zona de preferência. Contudo, a medida não surtiu efeito.

Este novo resultado abaixo das expectativas constrata com a garantia que a ministra da Saúde deu no parlamento no início de março. Marta Temido afirmou que a taxa de retenção no SNS dos médicos que terminam a especialidade se tem situado sempre acima dos 80%. Esta quinta-feira, na comissão de Saúde, a ministra justificou o resultado do concurso com o facto de muitos médicos preferirem a modalidade de contratos de prestação de serviços, que oferece remunerações superiores e maior liberdade na organização da vida pessoal.

Contudo, o bastonário dos médicos refuta as declarações de Marta Temido, garantindo que “nenhum médico gosta de trabalhar para empresas de prestação de serviços em que a segurança no trabalho é nula”.

LUSA

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