25 Mar, 2019

Estetoscópio digital desenvolvido no Porto

A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) vai dar início no próximo ano letivo a um projeto de auscultação digital que visa fornecer aos alunos uma ferramenta mais eficaz

Em entrevista à agência Lusa, Elisabete Martins, docente da FMUP e responsável pelo projeto “Auscultação digital no ensino e treino de competências clínicas”, explicou hoje que o projeto já estava a ser “pensado” há dois anos e que surge da “necessidade urgente” de adaptar as formas de ensino às novas tecnologias.

“A ideia foi ver até que ponto podíamos utilizar as novas tecnologias com o intuito de fazer gravações de casos reais dos nossos doentes que depois permitissem a partilha”, apontou.

O projeto, desenvolvido no âmbito da unidade curricular de Propedêutica Médica I, vai, através de uma “sonoteca de sons”, permitir a audição, assim como o treino de competências de cerca de 300 alunos que frequentam, anualmente, o 3.º ano de mestrado integrado da FMUP.

Segundo Elisabete Martins, um dos “grandes problemas” relacionados com a auscultação cardíaca no ensino clínico, prende-se com o facto de existirem “cada vez mais alunos e cada vez menos pacientes disponíveis”.

“Tradicionalmente utilizamos o estetoscópio clássico, mas para efeitos de ensino isso é muito deficitário, uma vez que não dá igual acesso aos alunos e, além disso, temos a limitação da avaliação. Como é que sabemos que o aluno sabe auscultar corretamente e interpretar aquilo que está a ouvir se nós não conseguimos ouvir em simultâneo com ele?”, sublinhou a docente que leciona na FMUP as unidades curriculares de Propedêutica e Doenças Cardiovasculares.

À Lusa, Elisabete Martins esclareceu que o projeto visa “criar uma plataforma digital” onde vários casos reais de “batimentos cardíacos” vão estar disponíveis e assim auxiliar os alunos no treino e desenvolvimento de competências relativamente aos métodos básicos de entrevista e de exame físico.

“Vamos ter muitas gravações porque temos alguns casos que consideramos paradigmáticos, mas a diversidade é enorme. O que acontece na auscultação é que os doentes são todos diferentes, podem ter a mesma patologia, mas o tipo de som que é produzido é diferente porque depende de vários aspetos, como a estrutura do tórax. Há doentes que não se ouve bem, outros ouve tudo. Vamos tentar gravar o máximo de casos possíveis para que também os alunos se apercebam desta variedade”, frisou.

A docente acredita que o projeto, que se inicia no ano letivo de 2019/2020, vai ter um “grande impacto nos alunos”, na medida em que, à semelhança de outras universidades, vai adotar “uma metodologia muito diferente” daquela que é utilizada nos dias de hoje e permitir uma “partilha de base de dados”.

LUSA/SO

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